A Black Friday é agora! Aproveite e poupe até 60% na InvestingProOBTER OFERTA

Intervenção de Luís Laginha de Sousa no Encontro Sobre Financiamento Verde

Publicado 07.03.2019, 12:25

Exmo. Sr. Vogal Executivo do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau,

Exmo. Sr. Conselheiro do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da República Popular da China,

Exmo. Sr. Presidente da Sociedade Científica Ambiental da Província de Sichuan,

Exmos. Senhores Representantes das Autoridades da Região Autónoma Especial de Macau,

Exmos. Senhores Representantes Governamentais das Províncias e Regiões do Pan-Delta do Rio das Pérolas,

Convidados,

Em meu nome e em nome do Banco de Portugal, é com grande satisfação que dou as boas-vindas, aos distintos representantes de uma região que não só é bem conhecida pelos Portugueses há vários sécu-los, mas também é reconhecida em todo o Mundo, desde há várias décadas, pelo seu dinamismo eco-nómico.

Estou certo que esta visita, que muito nos honra e com a qual muito nos congratulamos, será uma ex-celente oportunidade para continuar o aprofundamento do conhecimento mútuo entre Portugal e a China.

Esta visita pode seguramente abrir portas para futuras iniciativas conjuntas, com benefícios para ambas as partes.

Refiro-me nomeadamente a iniciativas orientadas para o fomento da sustentabilidade nas economias e nas sociedades a nível mundial.

Mas também para a conjugação de esforços no combate aos efeitos negativos das alterações climáti-cas.

E ainda, e em particular, para a promoção do financiamento verde, enquanto contributo fundamental do setor financeiro com vista à concretização dos objetivos globais na área do ambiente.

Estando nós num Banco Central que é um local onde se produz pensamento económico e se discute muito, quer os temas ligados à atividade económica, quer à atividade financeira, gostaria de partilhar convosco uma convicção que está também na base da atuação do Banco de Portugal, nos temas da sustentabilidade

Essa convicção tem que ver com o facto de que, se por um lado a economia produz rendimento, por ou-tro, o sistema financeiro tem um papel crucial na preservação da riqueza acumulada com o rendimento gerado pela atividade económica.

No entanto, por muita que seja a riqueza acumulada, não há sistema financeiro que perdure, caso a economia não seja resiliente.

Daí resulta que a sustentabilidade, assente nos três pilares ESG (environmental, social and corporate governance), seja efetivamente um elemento incontornável.

Um fenómeno cada vez mais notório à escala global, nos últimos anos, é o alargamento do consenso sobre a necessidade de acelerar o ritmo de transição das economias e das sociedades, no sentido de uma maior sustentabilidade.

É um fenómeno visível relativamente à generalidade dos desafios identificados no domínio ESG.

Mas é, sobretudo, um fenómeno especialmente acentuado no tocante à questão das alterações climáti-cas – e aos objetivos estabelecidos a este respeito no âmbito do Acordo de Paris, aprovado em dezem-bro de 2015.

As alterações climáticas são, de facto, um dos principais desafios que se colocam, quer ao nosso pla-neta, como um todo, quer a cada um dos seus países, em particular

Trata-se de uma verdadeira responsabilidade global e partilhada.

O impacto potencial das alterações climáticas que estão em curso no nosso planeta é hoje reconhecido por uma vasta maioria da comunidade científica e dos decisores públicos.

Existe, no entanto, uma larga margem de incerteza quanto a aspetos tais como a cadência, a magnitu-de e a distribuição geográfica desse impacto.

A longo prazo, Portugal poderá ser relativamente menos afetado do que a maior parte dos países, de acordo com análises num estudo levado a cabo pelo FMI em 2018.

Ainda assim, o impacto na economia e na sociedade portuguesas pode ser muito significativo – e tam-bém diferenciado consoante as regiões do país.

De facto, a diversidade física de Portugal, a extensão da sua área exclusiva marítima e a sua especial localização geográfica no mundo determinam que as questões relacionadas com as alterações climáti-cas assumam uma expressão substancialmente superior à estrita dimensão do seu território.

Esta perspetiva, assim como o reconhecimento da necessidade de contribuir para o esforço global, da-do que se trata de um problema global, levou ao desenvolvimento de um conjunto diversificado de inicia-tivas ao longo das últimas décadas, com a participação das autoridades, das empresas e dos cidadãos.

Essas iniciativas conjugaram-se com certas tendências profundas da economia e da sociedade portu-guesas – como a desaceleração do ritmo de crescimento económico ou a redução do peso da indústria no PIB – permitindo que se verificasse uma assinalável evolução positiva no domínio ambiental.

A emissão bruta de gases com efeito de estufa, por exemplo, caiu cerca de 22% entre o pico atingido em 2005 e o valor registado em 2017 – permitindo que a meta média estipulada para 2020 tenha sido já atingida.

A incorporação de fontes renováveis na produção de eletricidade é outra área em que o país tem estado entre os mais avançados da União Europeia (terceiro em 2015, por exemplo).

Os objetivos atuais procuram prolongar estas tendências, tendo as autoridades governamentais assu-mido recentemente que pretendem atingir a neutralidade carbónica em 2050.

Resultados como estes só foram possíveis graças a uma combinação de iniciativas variadas ao longo de décadas – incluindo incentivos fiscais temporários, ajustamentos tributários mais permanentes, alte-rações regulamentares de vária ordem e campanhas de sensibilização da sociedade, entre outras.

Gostaria de terminar esta minha primeira intervenção recordando duas realidades incontornáveis: a ur-gência de fomentar uma transição atempada no sentido da sustentabilidade e a dimensão das necessi-dades financeiras associadas a esse processo.

Será, por isso, essencial assegurar que a gestão dos riscos e das oportunidades desta transição con-tam com um envolvimento alargado da iniciativa privada – e, em particular, do sistema financeiro.

As múltiplas iniciativas que têm sido desenvolvidas na esfera do chamado financiamento verde, a um ritmo crescente e à escala global, assumem neste contexto uma importância para a qual os poderes públicos tendem a estar cada vez mais despertos.

As autoridades regionais, nacionais e supranacionais têm um papel crucial a desempenhar no avanço da sustentabilidade, quer enquanto agentes reguladores e dinamizadores, quer como exemplos de boas práticas a adotar.

Concluo formulando mais uma vez, a todos vós, as boas-vindas ao Banco de Portugal e a este momen-to de intercâmbio e de reflexão conjunta.

Últimos comentários

A carregar o próximo artigo...
Divulgação de riscos: A realização de transações com instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve altos riscos, incluindo o risco de perda de uma parte ou da totalidade do valor do investimento, e pode não ser adequada para todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos tais como eventos financeiros, regulamentares ou políticos. A realização de transações com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir realizar transações com instrumentos financeiros ou criptomoedas, deve informar-se sobre os riscos e custos associados à realização de transações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente os seus objetivos de investimento, nível de experiência e nível de risco aceitável, e procurar aconselhamento profissional quando este é necessário.
A Fusion Media gostaria de recordar os seus utilizadores de que os dados contidos neste website não são necessariamente fornecidos em tempo real ou exatos. Os dados e preços apresentados neste website não são necessariamente fornecidos por quaisquer mercados ou bolsas de valores, mas podem ser fornecidos por formadores de mercados. Como tal, os preços podem não ser exatos e podem ser diferentes dos preços efetivos em determinados mercados, o que significa que os preços são indicativos e inapropriados para a realização de transações nos mercados. A Fusion Media e qualquer fornecedor dos dados contidos neste website não aceitam a imputação de responsabilidade por quaisquer perdas ou danos resultantes das transações realizadas pelos seus utilizadores, ou pela confiança que os seus utilizadores depositam nas informações contidas neste website.
É proibido usar, armazenar, reproduzir, mostrar, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos neste website sem a autorização prévia e explicitamente concedida por escrito pela Fusion Media e/ou pelo fornecedor de dados. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados pelos fornecedores e/ou pela bolsa de valores responsável pelo fornecimento dos dados contidos neste website.
A Fusion Media pode ser indemnizada pelos anunciantes publicitários apresentados neste website, com base na interação dos seus utilizadores com os anúncios publicitários ou com os anunciantes publicitários.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que há qualquer discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.