A China anunciou o desenvolvimento da sua moeda digital, o Digital Currency Electronic Payment (DCEP). O objetivo do DCEP é aumentar o alcance internacional do renminbi (a moeda oficial da República Popular da China distribuída pelo Banco Popular da China) e substituir o dólar nos EUA como a moeda global.
Esta estratégia anda de mãos dadas, com o mandato do presidente Xi Jingping de que «o desenvolvimento da tecnologia de blockchain no país deve ser acelerado».
O ocidente está atrasado, mas ontem, o banco mais antigo dos EUA, BNY Mellon, disse que iria deter, transferir e emitir criptomoedas para os seus clientes de gestão de ativos. Wall Street costumava ser cauteloso em relação à criptografia devido à sua volatilidade e estatuto legal, mas os banqueiros estão a receber muitos textos com emojis de clientes institucionais agora que a bitcoin e outras criptomoedas digitais disparam.
A Mastercard (NYSE:MA) também declarou, ontem, que irá suportar algumas criptomoedas, incluindo a bitcoin, na sua rede no final deste ano, seguindo a Square (NYSE:SQ) e a PayPal (NASDAQ:PYPL).
Para não ser ultrapassado pelo sector financeiro, Twitter, GM, e Uber (NYSE:UBER) também sinalizaram abertura para receber moedas criptográficas. As três empresas afirmaram esta semana que, embora não seguissem a Elon Musk, na via do investimento, estavam abertos a aceitar criptos como pagamento de vendedores e clientes.
O controlo da infraestrutura associada às criptomoedas aumentará a visibilidade dos fluxos comerciais da China muito além das suas fronteiras, bem como uma ferramenta sem precedentes para monitorizar as atividades das pessoas, onde quer que estejam.
Os entusiastas de tecnologia e finanças referem muitas vezes os méritos da moeda digital: autosoberania, liberdade financeira e assim por diante.
A tecnologia blockchain também pode ser usada para o extremo oposto. Cada transação pode ser armazenada num «livro razão» publicamente visível – pense nisso como um banco de dados, que o governo chinês pode usar para construir aplicações para monitorizar os seus cidadãos (e, ainda mais preocupante, cidadãos globais).
Pense na sua rotina no dia-a-dia: a maioria dos pagamentos já é digital.
Na China, a maioria das transações não envolve dinheiro físico. Requer muito pouca imaginação para ver como a China poderia trocar do renminbi para o DCEP.
A infraestrutura é diferente – o DCEP usa uma infraestrutura distribuída baseada em blockchain. Tecnicamente, uma mudança é muito viável. O banco central atuará como emissor e credor, e os parceiros bancários serão os mesmos. O governo pode acelerar a transição, exigindo que os cidadãos chineses paguem quaisquer impostos no DCEP. É provável que o consumidor final nem saiba a diferença.
O artigo da CNN ajuda a compreender o que está a ser desenvolvido e como pode impactar o nosso futuro.
O jogo está a começar.