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SPACs: o que são?

Publicado 13.07.2021, 14:55
Atualizado 09.07.2023, 11:32

Neste artigo pretendo mostrar o que são SPACs.
Tem-se ouvido falar tanto delas, que decidi escrever um artigo completo a explicar-te tudo o que há para saber sobre SPACs.
Dividi em 6 pontos para facilitar a leitura.
Aqui vamos ver:

  • O que é uma SPAC
  • Como funciona na prática
  • Diferenças entre SPACs e IPOs
  • Vantagens e riscos de investir em SPACs
  • E como podemos investir neste instrumento financeiro



1. O que são SPACs?
SPAC significa Empresa de Aquisição para Fins Especiais (do inglês Special Purpose Acquisition Company).
Também são designadas de Empresas Cheques-em-branco (Blank Check Companies) pois o seu único propósito é levantar capital para adquirir ou fundir-se com uma empresa privada.
Por isso uma SPAC não é constituída como as restantes empresas normalmente cotadas na Bolsa de Valores. Uma SPAC não tem um negócio específico, nem qualquer atividade comercial.
Normalmente uma SPAC é criada por investidores que têm conhecimentos específicos numa dada área e onde as oportunidades de grandes ganhos podem ser conseguidas. Por exemplo, Bill Ackman, um super-investidor com enormes conhecimentos (e investimentos) no setor da restauração, em 2012 levou a Burger King a cotar em Bolsa através de uma operação de SPAC.

Já existiam SPACs há muitos anos, mas ganharam mais popularidade sobretudo desde 2020, quando os estímulos à economia aumentaram como nunca se tinha visto antes. Em 2013 havia apenas 10 SPACs no valor aproximado de $144 milhões. Em 2020 foram mais de 200 SPACs a aparecer a público e a levantar mais de $80 biliões em capital. E só no primeiro trimestre de 2021 foram levantados mais de $30 biliões em operações relacionadas com SPACs! Talvez uma potencial Bolha? É preciso ter cautela, como já veremos.


2. Como funcionam as SPACs?
Para realizar a operação, é preciso emitir ações ao público através de uma Oferta Pública Inicial (IPO), cumprindo os requisitos impostos pela Bolsa de Valores onde a SPAC vai levantar capital.
Ao fazer a IPO, os promotores da SPAC estão a levantar dinheiro junto do público para no futuro adquirirem uma empresa privada e a tornar pública.
Existe um período máximo para a realização de operações de compra/fusão: 24 meses. Se este período decorrer até ao fim e nenhuma transação tiver ocorrido, a empresa criada (a SPAC) é liquidada e o dinheiro é devolvido aos investidores.
O processo decorre normalmente desta forma:

  • Grandes investidores como Hedge Funds ou multimilionários criam uma SPAC. Passam a ser considerados os “Promotores”.
  • A SPAC levanta capital de outros investidores e passa a cotar em Bolsa normalmente em valores perto de $10/ação, para facilitar a entrada de pequenos investidores.
  • Os Promotores procuram no mercado uma empresa privada para torná-la pública a partir de uma aquisição ou fusão.
  • Assim que é encontrada uma hipótese viável no mercado, todos os investidores na SPAC têm de aprovar a operação.
  • Após a aquisição, os investidores na SPAC têm duas opções: ou vendem as suas ações ou trocam-nas pelas ações da nova empresa adquirida.
  • No caso de a operação ter sido bem-sucedida, isso representa uma oportunidade da SPAC passar a deter cerca de 20% da empresa adquirida, um ganho muito expressivo!
  • Caso tenham passado 2 anos e não tenham conseguido adquirir uma empresa privada para torná-la pública, a SPAC é liquidada e o dinheiro é devolvido aos investidores.




3. Porque uma empresa se torna pública a partir de uma SPAC e não de uma IPO normal?
Há várias formas de uma empresa disponibilizar as suas ações em Bolsa: ou faz uma IPO, ou faz uma listagem direta (raro), ou entra a partir de uma SPAC. As SPACs aceleram o processo de listagem, sendo preferidas por muitas start-ups que estão a começar e que sentem a regulamentação muitas vezes barrar-lhes as possibilidades.
Como uma SPAC já está cotada na Bolsa de Valores, assim que uma empresa for adquirida, é substituída automaticamente pela SPAC, passando a ser negociadas ações desta empresa nova. Este processo de abertura ao público é rápido, barato e normalmente sem inconvenientes para a administração das empresas do ponto de vista burocrático.
Esta empresa que é comprada e vai a público a partir de uma SPAC tem a vantagem de ver o seu valor empresarial aumentado, pela perceção (errada ou não) do mercado de que vale mais uns quantos milhões (ou biliões) de dólares.
Os promotores da operação costumam manter uma percentagem considerável da empresa adquirida caso a operação resulte com sucesso.
Don Butler, diretor e gestor na Thomvest Ventures, tem uma forma engraçada de comparar as IPOs e as SPACs: “uma IPO é basicamente uma empresa à procura de dinheiro, uma SPAC é dinheiro à procura de uma empresa”


4. Vantagens de investir em SPACs
Normalmente os investidores que levantam cheques-em-branco estão à procura de oportunidades em setores disruptivos. Encontrar empresas do setor tecnológico que estejam a emergir com uma nova tecnologia de ponta pode gerar muitos lucros se se conseguir investir nessa empresa nos estágios iniciais.
Se os promotores por detrás das SPACs conseguirem efetivamente adquirir uma excelente empresa privada e levá-la a público, de repente consegue-se exposição a uma empresa disruptiva desde o seu estágio inicial, o que pode gerar grandes lucros.
Se estivermos dispostos a investir num instrumento semelhante a um Fundo de Capital de Risco (Venture Capital), em que vamos estar à procura de investimentos privados… então pode ser um modelo interessante para considerarmos no nosso portefólio.


5. Principais riscos
Em primeiro lugar, os investidores por detrás da SPAC podem não conseguir adquirir ou fundir-se com uma empresa privada no espaço de 24 meses, pelo que se corre o risco sério de perder dinheiro com uma operação malsucedida.
Relacionado com este tempo curto para adquirir empresas, está um problema comum a muitos investidores (institucionais ou particulares): o FOMO! A urgência para agir, independentemente do resultado que isso possa trazer, traz consequências muito negativas para os investidores. E quando o prazo se está a aproximar do final e a SPAC ainda não adquiriu nenhuma empresa, pode ver-se obrigada a forçar uma compra/fusão que não seja benéfica, destruindo assim valor pelo caminho.
As questões de transparência também têm impacto nas operações de SPACs. Como se trata de empresas privadas, que não são obrigadas a divulgar resultados ao Grande Público, nós não temos como validar as contas. É difícil encontrar o valor intrínseco de algo que é privado. Uma start-up é muito difícil de avaliar e normalmente o processo é mais especulativo do que objetivo.
Depois, pode haver conflitos de interesses entre os investidores que levantam o capital a partir de um cheque em branco e nós próprios. Numa altura em que o dinheiro está muito barato, os Bancos Centrais mantêm as Taxas de Juro a zero, e toda a gente está à procura de alternativas aos Depósitos Bancários que nada rendem… têm aparecido cada vez mais figuras públicas a criar SPACs. O problema está que eles ganham a sua comissão (de 20%) independentemente do resultado da operação. Tanto os investidores que criam o cheque-em-branco, como os bancos que financiam estas operações, ganham sempre comissões chorudas. Já nós podemos não ganhar absolutamente nada com a operação caso ela não resulte! Cuidado com isso!
Por último, historicamente, a performance das SPACs é fraca. Um estudo da Renaissance Capital mostrou que das 313 SPACs criadas de 2015 a 2020, apenas 93 completaram aquisições e tornaram essas empresas adquiridas públicas. Calcula-se que o retorno médio para o investidor comum é de -29.1%, um desempenho bem pior do que as típicas IPOs que tiveram lugar durante esse período (47.1% por IPO em média). Apenas 29 SPACs neste período tiveram retornos positivos (de cerca de 31.1%). Claro que desempenhos passados não significam desempenhos futuros, mas dão-nos pistas sobre o que costuma acontecer com este instrumento financeiro.


6. Como investir em SPACs?
Para se investir em SPACs o melhor é comprar as suas ações no mercado secundário (a Bolsa de Valores onde essa SPAC esteja cotada) ou através de um ETF.
Podemos considerar investir em SPACs isoladas, como a do super-investidor Bill Ackman: a PSHT. Ou investir através de um ETF como o New Issue ETF (SPCX) [nota: nenhum destes títulos é recomendação de investimento; servem meramente como exemplos ilustrativos]. Acredito que investir a partir de ETFs reduz o risco num elemento já de si especulativo. No entanto, é preciso considerar que este ETF foi criado apenas a 12 de dezembro de 2020, pelo que o seu histórico é reduzido e não sabemos como será a performance dele durante um Bear Market. E mais importante que tudo: é um ETF gerido ativamente, o que acarreta alguns riscos acrescidos, para além de ir contra a ideia original dos ETFs (gestão passiva).
Agora um pequeno aviso: quando a SPAC faz a sua IPO muitos investidores institucionais já subscreveram as suas ações, pelo que é normal que essas ações entrem a mercado sobreavaliadas.


Foram aqui apresentados 6 passos cruciais que devemos considerar antes de investir numa SPAC.
Gostaria de saber a tua opinião sobre este tema.

Últimos comentários

Muito claro!!
Obrigado Jose
Excelente.
Obrigado Filipe!
Muito Bom
Obrigado Xau Tyler!
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