As operações de reestruturação empresarial tem normalmente uma variável que por mais estudada que seja é sempre uma questão difícil de controlar.
Qual é o timing certo para lançar a IPO da nossa empresa? Qual é o timing certo para fazer a aquisição daquela empresa? Qual é o timing certo para fazer o aumento de capital? Qual o timing certo para fazer a emissão das obrigações?
E tão importante como perceber aonde nós estamos é importante perceber aonde os outros estão. É por isso tão importante estabelecer um plano estratégico bem estruturado como conseguir comunica-lo ao mercado. É tão importante garantir um coeso sindicato bancário como perceber se a janela de oportunidade está aberta ou se vai fechar.
Neste aumento de capital do Millennium BCP de 2014 ainda é muito cedo para perceber se o timing foi o certo ou se foi o possível. O que se sabe é que o PSI 20 já perdeu todo o valor que tinha gerado desde o princípio do ano. O que se sabe é que grande parte dessa perda aconteceu no último mês.
O que se sabe é que em Abril o Banco BPI concluiu um aumento de capital de “apenas” 113Milhões Euros através da conversão de dívida em capital. Em Maio, o Baniftambém passou pelo mesmo mas com uma entrada de capital novo no valor de 138Milhões de Euros. Já em Junho, o BES foi ao mercado levantar 1.045 Milhões de Euros num aumento de capital também com emissão de novas ações.
O que entretanto se ficou a saber (reestruturação de divida numa das empresas “donas” do BES) não deveria afetar “diretamente” a operação do BCP mas a verdade é que afeta todo o sistema. Cria tensão.
A este cenário junta-se a saída de alguns investidores internacionais que tem saído das bolsas periféricas da Europa para mercados emergentes (a BlackRock mudou o foco, vendeu BES e comprou BCP).
Quanto às ações fecharam o dia a perder menos de 1% (o PSI 20 perdeu mais de 2%) e os direitos de subscrição perderam mais de 2.5%.