Por Sergio Goncalves
LISBOA, 6 Nov (Reuters) - Portugal atraiu 14 propostas de consórcios interessados em criar uma plataforma de lançamento espacial de satélites nos Açores, e com a China vai investir 50 milhões de euros (ME) em cinco anos num laboratório para fabricar microsatélites no país, disse o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino.
À margem do Web Summit em Lisboa, o ministro da Ciência disse que as 14 propostas para o posto espacial vão ser agora analisadas por uma Comissão Internacional de Alto Nível, composta por 9 peritos nacionais e estrangeiros de reconhecido mérito internacional.
O processo negocial deverá estar concluído até Maio de 2019, quando deverá ser assinado um contrato final para nos dois anos seguintes se fazer o processo de concessão e de construção do porto espacial.
O objectivo é até ao Verão de 2021 ser possível lançar os primeiros satélites desta plataforma que se situará na Ilha de Santa Maria.
Numa iniciativa paralela, Portugal e China vão criar um laboratório conjunto de investigação e desenvolvimento tecnológico para o Espaço e para os Oceanos (STARLab), em Matosinhos e Peniche, para fabricar microsatélites.
O ministro da Ciência, Manuel Heitor, disse à RTP que a estratégia de Portugal para o espaço aponta para três grandes vectores: criar novos mercados que vão da agricultura às pescas associadas à precisão da informação que se pode ter com satélites; criar novos satélites e por isso estar a trabalhar com a China; e dinamizar o acesso ao espaço.
"Nós temos o DNA de fazer ligações e agora ligações através do espaço (...) temos alianças com as universidades americanas, no contexto europeu e agora também com a China para diversificarmos o tipo de alianças e podermos fazer de Portugal um local onde se cria emprego qualificado com ciência", afirmou.
MAIORIA EUROPEIA
Segundo o Ministério da Ciência, dos "14 consórcios internacionais que submeteram propostas de interesse integradas no âmbito do Programa Internacional do Atlântico para o Lançamento de Satélites", 11 são de empresas da União Europeia, duas são dos EUA e há ainda a agência espacial russa.
Entre os interessados, encontram-se a franco-holandesa ArianeGroup, a alemã Astos Solutions GmbH, a italiana AVIO, a alemã Isar Aerospace Technologies GmbH, a americana Sierra Nevada Corporation, a alemã Rocket Factory Augsburg, a russa ROSCOSMOS, a americana Virgin Orbit LLC, entre outros.
"No seu conjunto, declararam interesse em actuar em toda a cadeia de valor associada à nova geração de serviços de lançamento de pequenos satélites para o espaço", referiu.
Salientou que "as propostas compreendem soluções inovadoras de acesso ao espaço com microlançadores, que representam 7 propostas, produtos e serviços de engenharia de sistemas e software e ainda, inovações relativas às infraestruturas terrestres".
PARCERIA CHINA
O STARLab, com um investimento de cerca de 50 milhões de euros (ME) nos próximos cinco anos, será financiado paritariamente pelos dois países, sendo a Academia de Ciências Chinesa responsável pelo investimento chinês.
"É um processo que decorre há mais de um ano, sobretudo na colaboração da Academia das Ciências da China e com uma pequena empresa (portuguesa), a Tekever, resultado do trabalho que fizeram na área dos drones e agora com investimento chinês alargar para a produção de novos satélites em Portugal", disse Manuel Heitor.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)