Por Sergio Goncalves
LISBOA, 18 Dez (Reuters) - O Governo está comprometido em lançar um único concurso para a prospecção de lítio em Portugal em 2019, querendo a instalação de uma unidade industrial de processamento em grande escala em Portugal para reter o valor acrescentado no país, disse o novo secretário de Estado da Energia.
João Galamba, que assumiu a pasta há cerca de um mês e meio, referiu que "havia uma intenção inicial de fazer vários concursos em simultâneo porque foram identificadas 12 áreas com potencial de elevado lítio em Portugal".
Contudo, frisou que "o aproveitamento do lítio deve permitir uma escala suficiente para um aproveitamento industrial em Portugal porque interessa ao país capturar o valor acrescentado e garantir que ele fica em Portugal".
"Portugal não pretende ser um país que faz furos no chão e depois exporta sem qualquer valor acrescentado os minérios que tem", disse à Reuters João Galamba.
"É por isso que entendemos importante não multiplicar os concursos e fazer um único, (...) com vários lotes, que permite atrair este tipo de projectos para Portugal. Estamos a contar lançar (o concurso) durante o ano de 2019", acrescentou.
Explicou que "é a valorização da escala que permitirá a Portugal capturar a parte significativa do valor acrescentado associado ao lítio, nomeadamente através da instalação de uma unidade industrial de processamento do lítio".
Adiantou que estas unidades industriais "precisam de uma escala de produção muito significativa e dificilmente Portugal terá mais do que uma".
O anterior secretário de Estado da Energia tinha dito à Reuters que este concurso poderia ser lançado ainda em 2018.
Portugal, que se situou no top 6 dos maiores produtores de lítio do mundo em 2017 com 400 toneladas anuais exclusivamente para a indústria cerâmica, recentemente fez novas descobertas de reservas, que estão a atrair players globais, tendo o Governo recebido mais de 40 pedidos de licenças de pesquisa.
Um relatório do Governo de Março de 2017 avançava com um valor de investimento inerente às áreas então identificada da ordem dos 3.254 ME apenas para os 23 pedidos que existiam então.
Na altura, havia 29,7 milhões de toneladas de reservas prospectadas em Portugal, com 0,81 pct de teor médio de óxido de lítio, mas as recentes prospeções da Lusorecursos e da britânica Savannah Resources já dão juntas quase o dobro e com teores superiores.
(Por Sérgio Gonçalves Editado por Patrícia Vicente Rua em Lisboa)