Por Francesco Guarascio e Andreas Rinke
BRUXELAS, 26 Mar (Reuters) - Líderes da União Europeia (UE) divergiram nesta quinta-feira sobre até que ponto implementar ajuda de emergência para economias do bloco atingidas pelo coronavírus, com Alemanha e Holanda se opondo aos apelos da Itália para emitir dívida conjunta.
A UE está tendo dificuldades para apresentar uma frente unida de estímulo econômico, compartilhamento de equipamentos médicos e salvaguarda de suprimentos essenciais, agora que as fronteiras foram reforçadas ou fechadas para tentar conter a propagação da pandemia.
Charles Michel, que como presidente do Conselho Europeu comanda as cúpulas da UE, pediu um novo "Plano Marshall" --em referência ao pacote de ajuda dos Estados Unidos que iniciou a recuperação da Europa Ocidental após a Segunda Guerra Mundial-- para ajudar a reavivar a economia de uma profunda queda causada pelo coronavírus.
Nove países, incluindo França, Itália e Espanha, pediram dívida mútua.
"Precisamos trabalhar em um instrumento de dívida comum emitido por uma instituição europeia para arrecadar fundos no mercado", disseram os nove líderes.
Mas Alemanha, Holanda, Áustria e Finlândia --fiscalmente conservadores-- se opõem.
"Os líderes vão querer mostrar unidade. Eles se concentrarão em áreas onde podem encontrar consenso e não em questões divergentes como eurobonds", disse um diplomata da UE de um dos países relutantes.
"Um verdadeiro 'eurobond' é o monstro do Lago Ness --nunca foi visto e não está sobre a mesa agora", disse uma autoridade da UE.
A unidade e a solidariedade da UE já haviam sido prejudicadas pela crise da zona do euro de 2008-2012, pela onda de imigração de 2015-2016 do Oriente Médio e da África e pela decisão do Reino Unido de deixar o bloco.
(Reportagem adicional de Marine Strauss, Gabriela Baczynska e Robin Emmott)