LISBOA, 7 Jun (Reuters) - Quantidades cada vez maiores de cocaína estão chegando à Europa vindas da América Latina, e os contrabandistas encontraram novos pontos de entrada em portos de grande circulação como Antuérpia, de acordo com o relatório anual mais recente da agência antidrogas da União Europeia, que tem sede em Lisboa.
Indícios do suprimento crescente de cocaína para a Europa foram vistos no aumento de apreensões da polícia, um salto no número de novos usuários necessitados de tratamento e na disponibilidade da cocaína mais pura e perigosa em uma década.
O uso de cocaína vinha caindo no continente nos últimos anos depois de atingir um pico em 2008. À época, o custo relativamente alto da droga conteve seu uso devido à crise financeira.
"As descobertas de nosso novo relatório indicam que agora a Europa está sofrendo as consequência da produção crescente de cocaína na América Latina", disse Alexis Goosdeel, diretor da agência antidrogas EMCDDA.
"Levará algum tempo até vermos os resultados do uso problemático, mas as substâncias estão aqui e a disponibilidade e a pureza são tão grandes que certamente haverá um impacto", afirmou Goosdeel.
O número de usuários novos necessitados de tratamento subiu 20 por cento de 2014 a 2016, chegando a 30.300.
O relatório mostrou que estimadas 3,5 milhões de pessoas usaram cocaína no ano passado, mas sinais iniciais de que o suprimento maior está se traduzindo em mais consumo foram encontrados em exames de água de esgoto de grandes cidades.
De 31 cidades --incluindo Londres, Barcelona e Amsterdã-- onde a água de esgoto foi testada em busca de resíduos de cocaína, 19 relataram um aumento dos resíduos.
A cocaína é produzida principalmente no Peru, na Colômbia e na Bolívia, e antigamente costumava ser contrabandeada para a Europa através da Espanha e de Portugal.
Mas com base nas apreensões da polícia, a Bélgica assumiu o primeiro lugar em 2016, respondendo por 43 por cento do total de 30 toneladas confiscadas, segundo o relatório. Isso indica que os contrabandistas estão enviando a droga para portos de grande circulação mais ao norte e deixando a cocaína mais próxima de grandes mercados consumidores como o Reino Unido.
(Por Axel Bugge em Lisboa e Julia Echikson em Bruxelas)