LISBOA, 2 Set (Reuters) - O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa vê Portugal a cortar o défice público para a meta de 2,5 pct do PIB imposta por Bruxelas para 2016, após a recente revisão em leve alta do crescimento da actividade económica.
Adiantou que, após a revisão uma décima em alta do crescimento em cadeia para 0,3 pct no segundo trimestre, "aponta para a possibilidade de no final do ano, se os indicadores que entretanto existem de aumento de actividade económica se confirmarem, em vez do PIB crescer 0,8 pct ou 0,9 pct como se admitia, poder crescer 1 pct ou acima de 1 pct".
"Mais perto (do crescimento) de 1,4 pct, que é o que diz a Comissão Europeia (CE) (...) Estes números dão para manter o défice em 2,5 pct, tal como é calculado pela União Europeia? Eu acho que sim", disse ontem à noite Marcelo Rebelo de Sousa.
"Portanto, se tudo estivesse até ao fim do ano como está agora, eu acho que chegamos ao défice de 2,5 pct do PIB no final do ano", acrescentou.
Anteontem, o primeiro-ministro António Costa frisou que Portugal vai reduzir o défice público para "confortavelmente" abaixo dos 2,5 pct do Produto Interno Bruto (PIB) exigidos por Bruxelas em 2016, mesmo com o actual nível de crescimento.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciou anteontem que a economia de Portugal cresceu em cadeia 0,3 pct no segundo trimestre de 2016, com a fraca procura interna a perder fôlego face ao primeiro, mas as exportações líquidas deram um contributo positivo. O INE reviu em leve alta a sua estimativa anterior. 9 de Agosto, o Conselho Europeu decidiu não multar os dois países ibéricos por terem tido um défice excessivo em 2015, dando um ano adicional a Portugal, ou seja até ao final de 2016, para reduzi-lo para 2,5 pct do PIB, ainda assim acima dos 2,2 pct previstos no Orçamento de Estado para o corrente ano.
Em 2015, o défice público português fixou-se em 4,4 pct do PIB, penalizado pelo resgate do Banif no final daquele ano. Excluindo este e outros efeitos 'one off', o défice ficou em 3,2 pct, ainda acima do tecto de 3 pct fixado pelas regras do procedimento dos défices excessivos.
No Orçamento de Estado, o Governo português estimou que o PIB de Portugal crescesse 1,8 pct em 2016, face a 1,5 pct em 2015, mas o Ministro das Finanças, Mário Centeno, tem realçado que pode cortar esta estimativa sobretudo devido à expectativa de degradação da envolvente externa após o 'Brexit'. (Por Sérgio Gonçalves)