Por Sergio Goncalves
LISBOA, 5 Out (Reuters) - O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, urgiu Portugal a prosseguir o caminho trilhado de maior independência financeira e criação de riqueza, para assegurar que a crise não voltará a penalizar o país e os portugueses.
Na celebração do 5 de Outubro, Dia da Implantação da República, realçou que tem de haver a "conjugação entre vitalidade económica, equilíbrio financeiro e preocupação social - condições para a salvaguarda da liberdade integral, não permitindo que as desigualdades ou as injustiças a esvaziem ou inviabilizem".
"Não esmoreçamos no percurso já feito, e pugnemos por maior independência financeira, por maior criação de riqueza e de emprego, por mais justa distribuição do rendimento, por mais eficaz - e, por isso, determinado mas realista - combate à pobreza, às discriminações, às intolerâncias, às segregações".
"(É preciso assegurar) que a crise financeira e económica não regressa mais", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Portugal tem conseguido reduzir o défice público de forma significativa e a economia está numa trajectória de crescimento, tendo o Governo socialista - apoiado no Parlamento pelo Partido Comunista Português e pelo Bloco de Esquerda - dito que este ano começará a haver uma redução do rácio de dívida pública.
Recentemente, o Banco de Portugal (BP) manteve a projeção que a economia portuguesa vai acelerar o ritmo de crescimento um ponto percentual para 2,5 pct em 2017, superior ao da zona euro, impulsionado pela robustez do investimento e das exportações. Governo antevê uma expansão superior a 2 pct este ano, o que deverá ajudar a reduzir o défice público para 1,5 pct do Produto Interno Bruto (PIB), de 2 pct em 2016 - o mais baixo em 42 anos de Democracia.
No Programa de Estabilidade 2017-2021, anunciado em Abril, o Executivo socialista previa cortar o défice para 1 pct do PIB em 2018.
Marcelo Rebelo de Sousa apelou à necessidade de convergência política no que é essencial, vincando "que os cidadãos dispõem de vários caminhos de escolha - sabendo que a existência de alternativa quanto à governação é sempre preferível às ambiguidades diluidoras, e que só reforçam os radicalismos anti-sistémicos".
O presidente urgiu os responsáveis políticos e sociais a terem "a grandeza de alma para fazer convergências no verdadeiramente essencial mantendo as frontais e salutares divergências naquilo que o não é".
O presidente pugnou a que, em cada ano, se faça um "exercício de humildade cívica", avaliando "o que correu bem, ou muito bem", mas em simultâneo reconhecendo "o que correu mal, ou mesmo muito mal".
(Por Sérgio Gonçalves)