Por Susan Heavey e Doina Chiacu
WASHINGTON, 18 Mai (Reuters) - Um pequeno mas crescente número de parlamentares do Partido Republicano, do presidente dos Estados Unidos, pediu na quarta-feira um inquérito independente sobre a eventual ligação entre a campanha presidencial de Donald Trump e a Rússia, e um deles citou um impeachment devido à alegação do ex-chefe do FBI de que Trump tentou travar uma investigação da agência.
A turbulência em Washington agravou-se diante da alegação de que Trump tentou pôr fim às investigações do FBI sobre os laços do ex-conselheiro de segurança nacional de Trump, Michael Flynn, e a Rússia.
As acções nas bolsas dos Estados Unidos e o dólar recuaram face às polêmicas que envolvem Trump, com os investidores a questionarem se o presidente conseguirá cumprir a sua agenda política, incluindo as reformas tributária e regulatória.
O presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, garantiu que a agenda legislativa dos republicanos não está paralisada pela turbulência na Casa Branca.
James Comey, cuja demissão como diretor do FBI na semana passada aumentou a tempestade política, escreveu anotações detalhando comentários de Trump num encontro com este em fevereiro, nos quais o presidente disse "espero que você possa abandonar isso", referindo-se à investigação sobre Flynn, de acordo com uma fonte que viu as anotações de Comey.
Trump demitiu Comey no meio de uma investigação do FBI sobre uma possível interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016 e os possíveis laços da campanha de Trump com os russos. Numa investigação separada mas relacionada, o FBI está a apurar os laços de Flynn com a Rússia.
Parlamentares democratas pediram ao Departamento de Justiça que nomeasse um procurador especial para investigar a questão russa.
Perguntado por jornalistas se considerava que as alegações contra Trump eram suficientes para um 'impeachment', o deputado republicano Justin Amash disse: "se as alegações forem verdadeiras, sim. Mas todo mundo neste país recebe um julgamento justo, incluindo o presidente ou qualquer outro".
Amash integra um grupo parlamentar republicano que já pediu uma investigação de uma comissão independente. Questionado se confiava em Comey ou em Trump, Amash respondeu: "acho que está bastante claro que tenho confiança no diretor Comey".
Enquanto a controvérsia se espalha em Washington, Trump foi desafiador no seu discurso na cerimónia de formação de oficiais da Academia da Guarda Costeira dos EUA em Connecticut, reclamando contra a cobertura dos media e dizendo que nenhum político na história "foi tratado pior ou mais injustamente".
Trump disse que "a adversidade faz-te mais forte", acrescentando que as coisas nem sempre são justas, mas que a pessoa tem de "lutar, lutar e lutar". "Se nunca desistir, as coisas irão sair bem". (Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)