Por Sergio Goncalves
LISBOA, 18 Dez (Reuters) - O Banco de Portugal (BP) reviu em baixa o PIB de Portugal em 2018 e 2019, já que vê as exportações a desacelerarem fortemente devido à perda de força do turismo, que tem sido um dos pilares da recuperação económica pós-crise.
O banco central estima que, após ter tido o maior crescimento desde o início do século de 2,8 pct em 2017, o PIB português cresça 2,1 pct em 2018 e 1,8 pct em 2019, face aos 2,3 pct e 1,9 pct respectivamente estimados em Outubro.
Estas estimativas são inferiores às do Executivo que aponta para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3 pct em 2018 e 2,2 pct em 2019.
O BP vê as exportações a crescerem apenas 3,6 pct em 2018 e 3,7 pct em 2019, a metade do ritmo de 7,8 pct a que cresceram em 2017. Há apenas três meses atrás, o banco central ainda via as exportações a crescerem 5,0 pct em 2018 e 4,6 pct em 2019.
"Os valores para o horizonte 2018-19 implicam um crescimento ligeiramente inferior do PIB em 2018 e 2019 face às estimativas (anteriores), essencialmente devido a uma revisão em baixa do crescimento das exportações", disse o banco central no Boletim Económico de Dezembro.
Explicou que "é o crescimento progressivamente menor do turismo que explica em grande medida o menor contributo das exportações líquidas para o PIB ao longo do horizonte de projeção" até 2021.
Explicou que até 2021 a quota de mercado do turismo português "deverá apresentar apenas ganhos marginais", quando nos anos anteriores teve ganhos significativos, que justificou que as exportações nominais de turismo tenham duplicado entre 2010 e 2017.
Lembrou que, no primeiro semestre de 2018, já houve uma desaceleração das exportações comum à área do euro, dado o menor crescimento global e as tensões comerciais, mas em Portugal foi concentrada no sector dos serviços, em especial turismo, e efeitos temporários de paragens de refinarias da Galp (LS:GALP).
As exportações de serviços terão voltado a desacelerar no segundo semestre com "o menor crescimento do turismo ao longo do ano, uma evolução que é comum a outros países do sul da Europa, como Espanha e Itália, que poderá estar a refletir parcialmente a recuperação de alguns destinos concorrentes", adiantou.
O banco central estima que em 2018 o consumo privado cresça os mesmos 2,3 pct de 2017 e aumente 2,0 pct em 2019, enquanto vê a formação bruta de capital fixo (FBCF) a crescer 3,9 pct este ano e 6,6 pct no próximo, depois do crescimento de 9,2 pct no ano passado.
A taxa de desemprego é vista a cair para 7 pct em 2018, contra 8,9 pct em 2017, descendo novamente para 6,2 pct em 2019.
A inflação harmonizada deverá manter-se em 1,4 pct nestes dois anos, contra 1,6 pct em 2017.
Adiantou que "ao longo do horizonte de projeção a economia portuguesa deverá manter uma situação de capacidade de financiamento face ao exterior".
O saldo conjunto das balanças corrente e de capital "deverá situar-se, em média, em 1,3 pct do PIB em 2018‐20, relativamente inalterado face ao nível de 2017".
No entanto, antecipa uma alteração de composição, "já que a redução do saldo da balança de bens e serviços será compensada pela evolução da balança de rendimento primário e de capital". (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Catarina Demony)