Por Sergio Goncalves
LISBOA, 1 Mar (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que risco de curto prazo mais significativo para o Reino Unido é um Brexit desordenado, que teria custos líquidos para a economia britânica e afectaria outros países europeus, alertou a directora-geral do FMI, discursando ao Conselho de Estado de Portugal.
Christine Lagarde, que foi convidada por Marcelo Rebelo de Sousa para discursar naquele órgão consultivo do presidente da República, frisou que "todos os resultados prováveis do Brexit envolverão custos líquidos para a economia do Reino Unido".
Afirmou que, "quanto maiores forem as dificuldades que surgirem na nova relação com a Europa, maiores serão os custos" e que "a melhor forma de apoiar o crescimento é um acordo que minimize a incerteza e as barreiras comerciais".
"Inversamente, deixar a União Europeia sem um acordo de saída e sem um delineamento para a futura relação com a UE é o risco de curto prazo mais significativo para a economia do Reino Unido", disse a directora-geral do FMI, num discurso disponibilizado à Reuters.
Christine Lagarde sublinhou que "outros países europeus serão também afectados, em diferentes medidas", sendo que a Irlanda, naturalmente, e outros como os Países Baixos, "que têm uma relação estreita com o Reino Unido serão especialmente impactados com um Brexit desordenado que também afetará Portugal.
Importantes relações comerciais e de turismo poderão ser prejudicadas e uma perda da confiança do mercado financeiro fora das vossas fronteiras pode conduzir a taxas de juro soberanas e bancárias mais elevadas que prejudicariam o crescimento. ados".
A primeira-ministra Theresa May disse que os legisladores teriam a chance de votar num adiamento ao Brexit, no caso de decidirem não apoiar o seu acordo.
Isso tem encorajado os "traders" a reduzir as suas previsões de um Brexit desordenado e esperarem por um atraso além da data oficial de saída de 29 de Março.
Mas, o líder do partido trabalhista da oposição, Jeremy Corbyn, disse esta semana que apoiaria um novo referendo sobre o Brexit, após o parlamento derrotar o seu plano alternativo para deixar a UE.
Christine Lagarde realçou que um Brexit desordenado também afectaria outros países, sendo que "a Irlanda, naturalmente, e outros como os Países Baixos, que têm uma relação estreita com o Reino Unido serão especialmente impactados".
"Um Brexit desordenado também afectará Portugal".
"Importantes relações comerciais e de turismo poderão ser prejudicadas e uma perda da confiança do mercado financeiro fora das vossas fronteiras pode conduzir a taxas de juro soberanas e bancárias mais elevadas que prejudicariam o crescimento", avisou.
Adiantou que Portugal tem de "intensificar os seus esforços para estar preparado para o futuro", sugerindo que "um reforço adicional do saldo orçamental subjacente ajudará a acelerar o ritmo da redução da dívida e a diferenciá-lo positivamente de outros países altamente endividados".
Urgiu ainda Portugal a fazer "reformas estruturais para aumentar a poupança, o investimento e a produtividade são essenciais para melhorar o padrão de vida, ajudando a desalavancar a economia e a reduzir as vulnerabilidades".
A directora geral do FMI destacou que, "embora o crescimento mundial em 2018 tenha permanecido próximo dos máximos pós-crise, a expansão está a desacelerar e mais rapidamente do que o esperado".
"Não estamos a enfrentar uma recessão, mas é bem claro que os riscos aumentaram", disse.
Quanto à China, sublinhou que, "embora a transição para um crescimento menor e mais sustentável seja bem-vinda, existe o risco de que a desaceleração na China seja mais rápida do que o esperado".
"Mesmo que novas medidas de estímulo seja eficazes, estarão orientada para atividades relativamente menos intensivas em importações, e o resto do mundo poderá continuar a sentir a desaceleração", afirmou.
(Por Sérgio Gonçalves Editado por Patrícia Vicente Rua)