O CEO da Tesla (NASDAQ:TSLA), Elon Musk, disse que pretende reduzir significativamente os seus gastos políticos em campanhas futuras, durante uma entrevista no Fórum Económico do Qatar na terça-feira.
Musk doou alegadamente mais de 250 milhões de dólares (221 milhões de euros) para apoiar a campanha presidencial de Donald Trump em 2024. Quando questionado se igualaria esse nível de gastos nas eleições de meio de mandato de 2026, Musk respondeu: "Acho que, em termos de gastos políticos, farei muito menos no futuro".
Foi-lhe oferecido o papel de chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), ajudando o presidente a cortar milhares de empregos federais. No entanto, o envolvimento político de Musk provocou reações negativas contra a Tesla, incluindo protestos e atos de vandalismo contra os seus salões de exposição. O seu apoio a partidos europeus de extrema-direita também se revelou controverso, contribuindo para uma queda acentuada das vendas de veículos elétricos da Tesla na região.
Em março, num discurso numa assembleia municipal no Wisconsin, Musk comentou: "Está a custar-me muito estar neste emprego", referindo-se ao seu papel de funcionário público especial. Trump também tinha dado a entender que o mandato de Musk no governo poderia estar a chegar ao fim. Durante a reunião de resultados do primeiro trimestre da Tesla, Musk afirmou que o tempo que gasta no DOGE diminuiria "significativamente" a partir de maio. Na terça-feira, reafirmou que permaneceria como CEO da Tesla por pelo menos os próximos cinco anos.
Recuperação das ações da Tesla
O preço das ações da Tesla subiu 3,6% durante o dia antes de reduzir os ganhos no final da sessão. O maior fabricante de veículos elétricos do mundo viu as suas ações recuperarem mais de 50% de uma baixa de um ano no final de abril, ajudado pela melhoria do sentimento do mercado no estrangeiro e perante a redução das tensões comerciais EUA-China.
A recente visita do presidente Trump ao Médio Oriente impulsionou ainda mais as ações tecnológicas dos EUA, uma vez que garantiu acordos no valor de mais de mil milhões de dólares com três grandes Estados do Golfo. Musk estava entre os líderes empresariais que acompanharam Trump na viagem. No entanto, as ações da Tesla ainda estão em queda de 12% no acumulado do ano até ao fecho do mercado a 20 de maio.
Questionado sobre o declínio das vendas da Tesla, Musk minimizou a preocupação. "Já deu a volta", disse, referindo-se à recuperação do preço das ações. "As ações não estariam a ser negociadas perto dos máximos de sempre se assim não fosse".
Embora reconhecendo que a Europa continua a ser o mercado mais fraco da Tesla, Musk atribuiu o declínio a vários fatores, incluindo choques tarifários e fraca procura de veículos elétricos. A empresa registou um declínio anual de 20% nas receitas de elétricos em todo o mundo no primeiro trimestre.
Em abril, as vendas europeias da Tesla continuaram a cair significativamente em termos anuais: menos 46% na Alemanha, 62% no Reino Unido e mais de dois terços na Dinamarca, Países Baixos e Suécia. No entanto, Musk destacou o desempenho mais forte noutras regiões, afirmando: "Os números de vendas nesta altura são fortes".
Lançamento do Robotaxi em Austin
Apesar dos ventos contrários, o otimismo dos investidores continua centrado no próximo programa Robotaxi da Tesla. Musk confirmou na terça-feira, numa entrevista à CNBC, que a Tesla irá lançar os serviços de veículos totalmente autónomos em Austin até ao final de junho, como inicialmente previsto. E acrescentou que o Robotaxi se expandirá posteriormente para Los Angeles e São Francisco após sua estreia em Austin.
Musk já tinha dito que a tecnologia Full Self-Driving (FSD) não supervisionada seria lançada na Califórnia e no Texas em junho. O lançamento em Austin contará com o Modelo Y equipado com um "conjunto de parâmetros localizados" optimizado para a região.