LISBOA, 12 Jul (Reuters) - Portugal deverá atingir no próximo ano o seu primeiro excedente orçamental em pelo menos 45 anos, de acordo com as projecções de sexta-feira do Fundo Monetário Internacional, embora preveja também um abrandamento económico mais acentuado do que as estimativas do próprio Governo.
Portugal, que foi socorrido pelo FMI e pela União Europeia em 2011, após uma crise da dívida, tem desde então reduzido o seu défice, graças a um crescimento sólido combinado com disciplina orçamental, e no ano passado reembolsou integralmente os empréstimos do FMI antes do tempo.
O FMI disse num relatório que espera que o governo cumpra o seu objectivo de défice orçamental de 0,2% do produto interno bruto este ano, principalmente através de um investimento de capital inferior ao orçamentado e de receitas fortes, antes de apresentar um excedente de 0,1% em 2020.
Juros mais baixos pagos sobre a dívida devem apoiar essa melhoria no saldo fiscal, "provavelmente levando a um superávit em 2020, assumindo políticas inalteradas", disse ele.
Mas enquanto o governo prevê que o crescimento económico abrande para 1,9% este ano e depois se mantenha a este nível em 2020, o FMI coloca a expansão em 1,7% e 1,5%, respectivamente, "reflectindo um ambiente externo menos favorável e moderando o crescimento da procura interna".
No ano passado, a economia portuguesa cresceu 2,2 por cento, abrandando face aos 2,8 por cento do ano anterior, que foi a expansão mais forte desde a viragem do século.
O défice orçamental no ano passado foi de 0,5 por cento - o mais baixo desde o regresso de Portugal à democracia em 1974.
Texto original em inglês: (Reportagem de Andrei Khalip, traduzido para português por André Vitor Tavares em Gdynia Newsroom; Editado por Sérgio Gonçalves em Lisboa)