Investigadores dinamarqueses estabeleceram um novo recorde mundial de eficiência na conversão da luz solar em eletricidade, utilizando novas janelas que permitem a passagem da luz ao mesmo tempo que geram energia.
A tecnologia de células solares transparentes poderá constituir um avanço para as energias renováveis, transformando arranha-céus e escritórios em centrais elétricas, utilizando as suas janelas como painéis solares.
A inovação do projeto CitySolar poderá também ajudar a Europa a concretizar as suas ambições de tornar todos os novos edifícios quase sem energia e de descarbonizar totalmente o setor europeu da construção até 2050.
Os investigadores da Universidade do Sul da Dinamarca combinaram células solares orgânicas com o material perovskita, obtendo uma eficiência de 12,3%, o que está ao nível das células solares comerciais.
A equipa internacional afirma que os painéis têm também uma transparência de 30%.
Até agora, as janelas solares transparentes não conseguiam absorver energia suficiente para gerar a quantidade de eletricidade necessária para um edifício e os painéis não eram suficientemente transparentes para serem utilizados.
O projeto CitySolar afirma ter ultrapassado estes problemas.
"As células solares transparentes podem ser o próximo grande passo na construção de soluções energéticas integradas", afirmou Morten Madsen, professor da Universidade do Sul da Dinamarca, que foi um dos principais investigadores por detrás desta descoberta.
"As grandes fachadas de vidro que se encontram nos edifícios de escritórios modernos podem agora ser utilizadas para a produção de energia sem necessidade de espaço adicional ou de alterações estruturais especiais... Isto representa uma enorme oportunidade de mercado".
Além disso, Madsen afirmou que os dois materiais utilizados nas células são muito económicos e podem ser utilizados para fins comerciais.
Quando adicionada à célula solar orgânica, a camada de perovskita absorve a luz quase ultravioleta e a célula absorve a luz quase infravermelha.
"A célula solar em tandem capta principalmente energia das partes infravermelha e ultravioleta dos raios solares, mas não da luz visível. Isto permite-nos estabelecer novos padrões de eficiência para janelas solares semitransparentes", afirmou Madsen.
Isto permite a passagem da luz do espetro visível, deixando o espetro visível relativamente intacto.
De acordo com Madsen, os dois materiais são muito económicos, o que faz com que seja uma tecnologia adequada para ser utilizada à escala comercial.
O projeto encontra-se atualmente num nível de preparação tecnológica (TRL) entre cinco e seis, o que significa que está entre a fase de prova de conceito e a de protótipo.
Recebeu quase 4 milhões de euros de financiamento da UE e a equipa está atualmente em conversações com parceiros industriais para aumentar a produção dos painéis solares transparentes.