LISBOA, 14 Jun (Reuters) - Portugal colocou 1.250 milhões de euros (ME) de 'bonds' a 5 e a 10 anos, com uma forte descida das taxas, beneficiando do desvanecer do risco político na zona euro após a vitória peremptória do partido 'en marche' de Emmanuel Macron nas eleições parlamentares francesas e a derrota do 'movimento 5 estrelas' em eleições locais em Itália.
O montante indicativo era entre 1.000 e 1.250 ME. O Tesouro colocou 750 ME a dez anos, com a taxa a fixar-se nos 2,851 pct, enquanto a cinco anos fez uma colocação de 500 ME a 1,198 pct.
Estas taxas saíram bem abaixo das 'yields' de 3,386 a 10 anos e de 1,198 pct a cinco anos nas últimas operações comparáveis este ano.
Na colocação de hoje a 10 anos, a procura excedeu a oferta em 1,94 vezes e na emissão a cinco anos o rácio 'bid-to-cover' situou-se em 3,01 vezes.
A 'yield' das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB segue a negociar nos 2,87 pct, a descer sete pontos base face à última sessão e em mínimos desde Agosto de 2016. O spread entre os 'yields' de Portugal e o 'benchmark' alemão segue no nível mais apertado desde Abril de 2016, nos 261 pontos base, espelhando um menor diferencial de risco.
A perspectiva de uma estrondosa vitória do partido de Emmanuel Macron na primeira ronda das eleições parlamentares abre a porta a ambiciosas reformas económicas em França, algo visto como positivo pelos investidores.
Em Itália, o 'movimento 5 estrelas' 'anti-establishment' foi globalmente derrotado em eleições locais, também diminuindo a percepção de risco político.
Portugal prevê cortar o défice para 1,5 pct em 2017, de 2 pct em 2016, projectando uma expansão de 1,8 pct do PIB-Produto Interno Bruto, de 1,4 pct no ano passado.
Em entrevista à Reuters em Maio, o Ministro das Finanças Mário Centeno disse que os últimos indicadores mostram que Portugal acelerou neste segundo trimestre e o PIB deverá ter um crescimento homólogo superior a 3 pct. Referiu ainda que é expectável que cresça claramente mais de 2 pct em 2017, superando a actual meta.
Portugal também continua apoiado pelo massivo programa de estímulos monetários do Banco Central Europeu, que incluem a compra de obrigações soberanas. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Sérgio Gonçalves)