LISBOA, 21 Jun (Reuters) - Portugal colocou 1.250 milhões de euros (ME) de bilhetes do tesouro a três e 11 meses, com as taxas a desceram para terreno mais negativo face aos leilões anteriores, beneficiando do ambiente de apetite por dívida da periferia do euro, face ao desvanecer do risco político na Europa.
As colocações de dívida de curto prazo continuam suportadas pelo facto dos bancos terem de gerir o excesso de liquidez e o Banco Central Europeu (BCE) cobrar taxas ainda mais negativas.
O IGCP-Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública colocou 250 ME de BT a três meses e 1.000 ME a 11 meses, ou seja a totalidade do montante indicativo.
No prazo a três meses, a taxa média ponderada (TMP) fixou-se em -0,337 pct, face aos -0,219 pct no leilão comparável anterior; enquanto na maturidade a 11 meses, a TMP situou-se em -0,264 pct versus a 'yield' média de -0,153 pct na colocação anterior.
Na colocação de BTs em mercado primário hoje, a procura pela maturidade mais curta excedeu a oferta em 4,56 vezes contra 4,1 vezes no leilão anterior, enquanto no prazo mais longo o rácio bid-to-cover fixou em 1,79 vezes versus 1,6 vezes anteriormente.
A 'yield' das obrigações do tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB segue a negociar nos 2,88 pct, próximo de mínimos de 10 meses meses.
No início do ano, os 'yields' de países do sul da Europa subiram, devido à incerteza sobre o resultado das eleições em França em Maio, a possibilidade de eleições antecipadas em Itália e especulação que o Banco Central Europeu começaria a diminuir o programa de estímulos monetários extraordinários.
Contudo, entretanto, o BCE indicou que não tem pressa em acabar o seu programa, o centrista Emmanuel Macron tornou-se Presidente de França com uma poderosa maioria parlamentar, e os receios de uma eleição disruptiva em Itália diminuiram.
O 'spread' de Portugal face ao 'bund' alemão caiu abaixo dos 300 pontos base desde Maio, seguindo nos 263 pb, o nível mais 'apertado' desde Março de 2016, reflectindo o recente aliviar da percepção de risco.
Com o risco e a incerteza a recuarem na Europa, os investidores buscam 'yields' mais elevados, com os países da periferia à cabeça.
Na sexta-feira passada, a Fitch, que ainda manteve o rating no primeiro nível de lixo BB+, justificou a melhoria do 'outlook' pelo país ter marcadamente reduzido em 2016 o défice, para 2 pct do PIB, contra 4,4 pct em 2015, levando ao encerramento do Procedimento por Défice Excessivo.
(Por Daniel Alvarenga; Editado por Patrícia Vicente Rua)