Começamos esta viagem ao longo do mágico e antigo Caminho de Santiago. Durante séculos, foi percorrido em busca de paz, natureza, espiritualidade e História. Mas é também uma rota vinícola fascinante.
Da paixão pelo Caminho à paixão pelos vinhosVamos de El Bierzo, em Castela e Leão, até Ribeira Sacra e Rías Baixas, na Galiza, para descobrir três das oito denominações de vinho estabelecidas em torno desta rota de peregrinação de 800 quilómetros.
Na Idade Média, a tradição vinícola, introduzida pelos romanos, foi mantida viva pelos mosteiros. Algumas castas e métodos de produção podem ter tido origem com estes monges e peregrinos.
Em El Bierzo visitamos Raúl Pérez, um dos enólogos mais destacados em todo o mundo, com uma profunda ligação ao Caminho de Santiago. O primeiro vinho que criou tem o nome da saudação dos peregrinos, Ultreia!
"Eu não tinha nada quando comecei o meu projeto. Cada dia era um novo dia, uma melhoria. Lembrava as pessoas que andavam no Caminho e que lutavam para chegar. Essa visão do Caminho, das pessoas que caminhavam ajudou-me muito, essa palavra - Ultreia - representa aquela ânsia, aquela voz de encorajamento de que precisamos muitas vezes para continuar", conta.
Raúl trabalha em harmonia com o ecossistema, preservando a natureza, deixando-a fluir. A prioridade é influenciar as uvas o menos possível e depois transformá-las em magníficos, mas sobretudo inovadores vinhos: "Ser original apaixona-me. Ter a minha própria interpretação do vinho, que reflete toda a minha energia", conta o enólogo.
A energia e o trabalho levaram-no ao topo. Tem mais de 200 vinhos na lista do Wine Advocate de Robert Parker.
Nos socalcos da GalizaA quatro dias de El Bierzo, chegamos aos impressionantes socalcos nas encostas da região de Ribeira Sacra. Aqui vamos descobrir as colheitas de algumas das vinhas mais traiçoeiras do mundo.
Esta é uma colheita heroica. Cada parcela traz um atributo diferente a cada vinho. Não se trata apenas de técnica, tem sobretudo a ver com a terra e a natureza
View this post on Instagram Ver la vendimia en la Ribera Sacra es un espectáculo. Ahora uno entiende esto de la vendimia heroica! Recogida manual, caja a caja y transportarla por desniveles de 85%. Eso sí con un paisaje impresionante de fondo! Estamos en unas de las viñas de la @adegasguimaroficial Os contaremos la historia de su dueño, Pedro... . . . . . #guimaro #riberasacra #vendimia #uva #mencia #travel #herewegrow #journalism #travelshow #tvshow #euronews #galicia #lovemyjob #television #broadcasting #nature #harvest #grapes #wineA post shared by Cris Giner (@crisginr) on Sep 17, 2020 at 7:16am PDT
View this post on Instagram Grabando... Impresionantes paisajes de la Ribera Sacra . . . . #euronews #herewegrow #work #nature #riberasacra #tvshow #travel #foodandwine #spain #galiciaA post shared by Cris Giner (@crisginr) on Sep 18, 2020 at 2:54am PDT
A produção de vinho aqui requer uma coragem inabalável e um enraizado sentido de tradição. Como a do enólogo Pedro Manuel Rodríguez. Descendente de viticultores, redescobriu os seus métodos antigos.
Os vinhos maceram com os caules e as uvas são fermentadas com leveduras selvagens, mas o mais impressionante é a tradicional pisa das uvas.
View this post on Instagram Viaje de experiencias y emociones únicas! Pisando uva con Pedro en Adegas Guimaro ! Ha sido un lujo pasar dos días con esta familia acompañándoles en la vendimia y primeras momentos de producción . . . . . #herewegrow #euronews #vino #wine #guimaro #riberasacra #winelover #galicia #spain #tvshow #travelshow #show #shootingA post shared by Cris Giner (@crisginr) on Sep 19, 2020 at 10:30am PDT
Guímaro significa "rebelde" em galego. É um apelido de família. Mas também poderia descrever uma geração de viticultores espanhóis que se propuseram a fazer as coisas de forma diferente e conquistaram o mundo.
"Começámos todos a fazer vinhos diferentes do que se fazia antes em Espanha, procuramos vinhos mais frescos, mais amigáveis, mais fáceis de beber, mais respeitadores da terra e das castas que nela são produzidas", conta Pedro Rodríguez.
A maioria dos vinhos tintos aqui, como em El Bierzo, são feitos com a uva Mencía. Mas outras castas locais como Merenzao ou Sousón foram reintroduzidas para fazer vinhos frescos e expressivos.
Em Rías Baixas, o Alvarinho domina a paisagem. As vinhas aqui são altas e em treliças, diferentes das outras.
A viticultora Vicky Mareque mostra o campo pronto para ser vindimado: "A uva é pequena, dourada, muito compacta, muitas grainhas, pele espessa, no ponto perfeito de maturação para a colheita".
A adega Pazo de Señorans está instalada numa casa senhorial do século XVI, comprada pelos pais de Vicky.
A mãe fundou a adega e promoveu a fundação da denominação de Rias Baixas há 30 anos. O Alvarinho é o tesouro desta terra: "Esta variedade é uma joia, com um equilíbrio entre grau e acidez que lhe permite fazer muitos tipos diferentes de vinho com uma única casta, o que é difícil de encontrar noutras castas. "Quanto mais a melhorarmos, melhor fica. É uma das melhores castas brancas do mundo", diz Vicky.
E quem disse que os vinhos brancos têm de ser jovens? Esta adega mostrou ao mundo que o Alvarinho também melhora com o passar do tempo.