Por John Whitesides e James Oliphant
WASHINGTON, 6 Mar (Reuters) - O ex-chefe de inteligência dos Estados Unidos James Clapper refutou a acusação do presidente dos EUA, Donald Trump, de que foi alvo de escutas telefónicas por parte do seu antecessor Barack Obama, e a Casa Branca exortou o Congresso a investigar a alegação de Trump.
O jornal New York Times disse no domingo que o actual diretor do FBI, James Comey, pediu ao Departamento de Justiça que rejeitasse a acusação de escuta feita por Trump porque ela é falsa e deve ser corrigida, mas o departamento não o fez.
A reportagem citou autoridades norte-americanas de primeiro escalão.
A Casa Branca exortou o Congresso, controlado pelo Partido Republicano de Trump, a examinar se a gestão Obama abusou da sua autoridade de investigação durante a campanha presidencial de 2016, como parte de um inquérito do Congresso em curso sobre a influência da Rússia na eleição.
Trump alegou no sábado, sem dar indícios que sustentassem a acusação, que Obama ordenou a instalação de escutas nos telefones da Trump Tower, o seu quartel-general de campanha em Nova York.
"Não houve nenhuma actividade de escutas montada contra o presidente eleito, ou como candidato ou contra a sua campanha", disse o ex-diretor de Inteligência Nacional dos EUA James Clapper, que deixou o cargo no fim do segundo mandato de Obama, em janeiro, no programa "Meet the Press", da rede NBC.
Segundo a lei dos EUA, um tribunal federal teria que ter encontrado uma causa provável de que o alvo de vigilância era um "agente de uma potência estrangeira" para aprovar um mandato autorizando uma vigilância eletrónica da Trump Tower.
Indagado se tal ordem judicial foi emitida, Clapper respondeu: "Posso negá-lo".
Os democratas acusaram Trump de tentar desviar a atenção da polémica crescente sobre possíveis ligações com Moscovo. O seu governo está a ser pressionado pelo FBI e por investigações do Congresso que examinam contactos de membros da sua equipa de campanha com as autoridades russas.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que Trump e as autoridades governamentais não irão comentar mais o assunto até que o Congresso tenha finalizado o seu inquérito, o que pode livrar o presidente de tentativas de obrigá-lo a explicar as suas acusações.
"Relatos referentes a investigações potencialmente politicamente motivadas imediatamente antes da eleição de 2016 são muito perturbadores", disse Spicer num comunicado.
O deputado republicano Devin Nunes, que preside o Comité de Inteligência da Câmara dos Deputados, actualmente a examinar possíveis ligações entre a Rússia e a campanha de Trump, afirmou num comunicado que qualquer possível vigilância sobre autoridades de campanha será parte da investigação. (Reportagem adicional de Valerie Volcovici; Traduzido para português por Sérgio Gonçalves)