Por Shrikesh Laxmidas
LISBOA, 21 Set (Reuters) - O Governo lançou duas linhas de financiamento num total de 126 milhões de euros (ME) para apoiar o crescimento de 'startups', numa iniciativa que pode alavancar um investimento global de 300 ME e ajudar a economia a aproveitar oportunidades na área digital, disse o Primeiro-Ministro, António Costa.
Lisboa vai receber pela primeira vez, em Novembro, o WebSummit, maior conferência de tecnologia na Europa, um evento que António Costa quer que Portugal aproveite para fazer crescer as empresas 'startup' de tecnologia.
"O Web Summit não é só um evento... é sobretudo uma alavanca fundamental para uma estratégia que tem de mobilizar e contagiar o conjunto do país," disse o Primeiro-Ministro, na apresentação das 66 'startup' portuguesas escolhidas para participar no evento entre 7 e 10 de Novembro.
António Costa recordou que o Governo anunciou em Junho o Startup Portugal, programa para desenvolver o 'ecosistema' nacional de empreendedorismo, oferecer financiamento alternativo ao crédito, co-investir com privados e promover as empresas nos mercados externos.
Referiu que várias iniciativas dessa estratégia já estão curso, como a inclusão de 'startup' em missões comerciais e apoios para a incubação de novos projectos.
Salientou, no entanto que, para esses esforços terem resultados, é necessário criar oportunidades de financiamento e desenvolvimento explicando que "'startup' é só mesmo o início, tudo o que estamos a falar é de empresas, e o que nós queremos é que as empresas possam crescer".
"Já abrimos duas linhas de financiamento, uma dirigida a 'business angels', no valor de 26 ME e outra de capital de risco de 100 ME", disse, adiantando que essas duas linhas visam alavancar um investimento global superior a 300 ME.
"São as duas maiores linhas algumas vez abertas de financiamento para criar 'startups' em Portugal", frisou o Primeiro-Ministro.
MUDAR PERFIL
O anterior Governo português bateu várias outras capitais europeias na corrida para acolher o evento, que deverá captar mais 100 milhões de euros (ME) por ano em receitas directas para a economia por ano e estimular o 'ecosistema' de empreeendedorismo em Portugal.
Após seis edições em Dublin, Lisboa deverá acolher a 'cimeira' tecnológica, vista como a mais importante na Europa, nos próximos três anos, com mais de 50.000 visitantes esperados este ano, muito acima dos 27.500 da edição de 2015.
Em entrevista à Reuters, Paddy Cosgrave, Chief Executive Officer do WebSummit, disse hoje o evento que vai apontar o foco para o 'hub' de 'startups' portuguesas, permitindo a estas tecnológicas exporem os seus negócios a investidores estrangeiros.
Para António Costa, "é um evento muito importante, porque é uma referência, e é uma forma de afirmar o país com outro perfil diferente".
"Sabemos que somos um grande destino turístico, um grande produtor de sapatos, temos o melhor azeite do mundo, estamos a ficar com os melhores vinhos, somos óptimos no têxtil, mas nós temos de ter também outro perfil".
"Nós somos também bons na indústria automóvel, somos parceiros num projecto na indústria aeronáutica, mas temos hoje uma multiplicidade de empresas nas áreas das novas tecnologias e da inovação que dão um novo perfil ao pais, e o Web Summit é uma oportunidade única para mostrar o país", realçou Costa.
Explicou que as empresas portuguesas não podem ver a dimensão do mercado como somente os 10 milhões de residentes no país, nem os 15 milhões de portugueses no mundo, mas sim o mercado global.
"Essa é a oportunidade que a era digital nos oferece hoje, tem de ser agarrada e aproveitada," concluiu. (Editado por Sérgio Gonçalves)