LISBOA, 2 Set (Reuters) - A 'yield' das Obrigações do Tesouro portuguesas a 10 anos desce um ponto base (pb) para 3,06 pct, antes da revisão da situação portuguesa pela Moody's, de uma segunda votação parlamentar de confiança em Espanha e dos dados de emprego nos EUA.
As 'yields' de toda a região estão estáveis ou levemente em baixa, com as taxas irlandesas a tocarem o máximo de um mês IE10YT=TWEB antes da avaliação dos seus ratings pela DBRS.
O foco está em quaisquer implicações que possa ter a decisão da Comissão Europeia desta semana de obrigar a Apple a pagar 13.000 milhões de euros (ME) em impostos que não pagou a Dublin.
Esta semana, a Standard & Poor's (S&P) referiu tal poderia ajuda a Irlanda a reduzir a sua dívida mas poderia minar significativamente o Governo.
Prevê-se que a agência de classificação Moody's reveja a situação de Portugal e o Commerzbank afirmou que a perspectiva estável está em risco.
Os Bonds portugueses ficaram sob pressão no mês passado, depois da DBRS ter alertado para as crescentes pressões sobre a posição creditícia do país.
A visão da DBRS é importante porque é a única das quatro agências reconhecidas pelo Banco Central Europeu (BCE), que dá a Portugal a classificação de grau de investimento de que necessita para se qualificar para o regime de flexibilização quantitativa do banco.
Qualquer pioria das perspectivas da Moody's acerca de Portugal poderia alimentar preocupações sobre o rating atribuído pela DBRS.
"Mesmo que a visão da Moody's sobre o rating de Portugal seja mantido inalterado poderia haver alguns comentários negativos sobre os planos orçamentais do Governo e isso poderia alimentar a especulação sobre a decisão da DBRS", disse Daniel Lenz, estrategista do DZ Bank.
"Continuamos cautelosos sobre os bonds portugueses".
A 'yield' da dívida de Portugal a 10 anos cai 2 ponto base para 3,06 por cento PT10YT=TWEB , mas está 35 bp acima dos níveis de meados de Agosto.
Na restante zona do euro, as taxas estão a variar pouco, à espera do relatório dos 'Non-Farm Payrolls' nos EUA, esta sexta-feira - visto como o indicador chave para a Federal Reserve (Fed) subir, ou não, as taxas este mês.
Em Lisboa, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa vê Portugal a cortar o défice público para a meta de 2,5 pct do PIB imposta por Bruxelas para 2016, após a recente revisão em leve alta do crescimento da actividade económica. que, após a revisão uma décima em alta do crescimento em cadeia para 0,3 pct no segundo trimestre, "aponta para a possibilidade de no final do ano, se os indicadores que entretanto existem de aumento de actividade económica se confirmarem, em vez do PIB crescer 0,8 pct ou 0,9 pct como se admitia, poder crescer 1 pct ou acima de 1 pct".
"Mais perto (do crescimento) de 1,4 pct, que é o que diz a Comissão Europeia (CE) (...) Estes números dão para manter o défice em 2,5 pct, tal como é calculado pela União Europeia? Eu acho que sim", disse ontem à noite Marcelo Rebelo de Sousa.
"Portanto, se tudo estivesse até ao fim do ano como está agora, eu acho que chegamos ao défice de 2,5 pct do PIB no final do ano", acrescentou.
O Forum para a Competitividade culpou o Governo socialista pelas políticas erradas que levaram a nova forte contração do investimento em Portugal no segundo trimestre, prevendo que o PIB português cresça no máximo 0,75 pct em 2016 e alertando para a eventual degradação do 'risco país'. vê Portugal cortar défice 2016 para 2,5 pct como impõe Bruxelas Competitividade culpa Governo por queda investimento, vê PIB crescer máximo 0,75 pct exige Governo aumente salários e pensões 2017, reverta liberalização laboral confiante acordo com Bloco e PCP sobre Orçamento 2017, sem beliscar Bruxelas pública Portugal sobe para 224.307 ME em Julho-BP Portugal confiante défice 2016 "confortavelmente" abaixo 2,5 pct PIB apesar ténue PIB coloca 1.000 ME Bonds a 5 e 10 anos, taxa mais longa cai Finanças alerta Portugal arrisca-se novo resgate com política socialista corta 10 pct défice público Jan-Jul 2016, melhor previsto OE tabela com 'yields' Bonds: Obrigações Tesouro
Yield
Yield
Actual (%)
Anterior (%) Portugal 10 anos
+3,06
+3,07 PT10YT=TWEB
Portugal 5 anos
+1,90
+1,93
PT5YT=TWEB
Portugal 2 anos
+0,55
+0,56
PT2YT=TWEB
Alemanha 10 anos
-0,06
-0,07
DE10YT=TWEB
Espanha 10 anos
+1,06
+1,07 ES10YT=TWEB
Itália 10 anos
+1,17
+1,19 IT10YT=TWEB
Grécia 10 anos
+8,36
+8,35 GR10YT=TWEB
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)