(Repete notícia divulgada sexta-feira ao final da tarde)
Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 13 Mar (Reuters) - A estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD) teve um prejuízo de 1.859 milhões de euros (ME) em 2016 contra 172 ME em 2015, após fortes imparidades para limpar o balanço antes do crucial aumento de capital, anunciou o banco, cujo plano acordado com Bruxelas prevê o regresso à rentabilidade em 2018.
"(2016) é um ano que, de modo algum, se pode considerar típico. A instituição viveu sob enorme ruído (...) (mas) a CGD mostrou grande resiliência e, por parte dos clientes, um elevado grau de confiança ", disse Rui Vilar, Chairman da CGD, que é o maior banco de Portugal.
"Permite-nos olhar para o futuro com perspectiva muito mais positiva", frisou o Chairman.
As provisões e imparidades ascenderam a 3.017 ME, "seguindo os princípios de avaliação de um novo investidor privado significativo conforme acordado com a (europeia) DGComp", referiu a CGD. No ano anterior estas tinham ficado pelos 715 ME.
Pela positiva, o resultado de exploração 'core' disparou 69 pct para 368 ME, beneficiando da redução de custos e aumento de margem financeira.
"Depois deste exercício, a Caixa tem um melhor balanço e uma melhor cobertura de crédito para imparidades, tem um ponto de partida para 2017 mais sólido", disse o CEO Paulo Macedo.
"O plano (acordado com Bruxelas) prevê resultado recorrente positivo e resultado líquido negativo (em 2017)", adiantou.
MARGEM SOBE
A margem financeira, diferença entre juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos, aumentou 5,5 pct para 1.145 ME, beneficiando de uma descida de 18,5 pct do custo de 'funding' para 1.483 ME.
O Chief Executive Officer (CEO) Paulo Macedo frisou que "o desempenho da margem financeira e comissões é positivo, mostra que clientes quiseram continuar com a Caixa ao longo de 2016".
Mas, os resultados em operações financeiras desceram para 79,5 ME contra 345,9 ME há um ano atrás e as comissões caíram 6,9 pct para 464 ME.
Os depósitos caíram 5,2 pct para 56.165 ME em 2016, sobretudo penalizados pela queda dos depósitos de institucionais, que derraparam 36 pct para 4.535 ME.
Por seu turno, os depósitos de empresas aumentaram 4,6 pct para 6.144 ME, enquanto os de particulares deslizaram apenas 1,8 pct para 45.486 ME, mas os outros recursos de particulares aumentaram 10,3 pct para 12.575 ME.
A CDG sublinhou o "desempenho positivo" no crédito com quotas de mercado estáveis: 28,1 pct no crédito hipotecário, 20,7 pct no crédito a empresas.
A CGD desalavancou o balanço, que recuou 7,3 ME, "resultante da fase do ciclo económico e da política de write-offs".
CUMPRE CAPITAL
Em termos de almofadas de capital, os rácios proforma, incluindo as duas fases do plano de recapitalização cumprem os requisitos de capital definidos pelo regulador, referiu a CGD.
O rácio phased-in fixou-se em 12 pct (CET1) e o Tier 1 nos 13 pct. A CGD reforçou a cobertura por imparidades do crédito vencido há mais de 90 dias para 123,9 pct, de 102,2 pct em 2015.
A Comissão Europeia aprovou hoje o plano de recapitalização CGD no montante de 3.900 ME, referindo que as suas condições garantem que não é ajuda de Estado, já que prevêem fortes cortes de custos e o regresso à rentabilidade em 2018. banco estatal fixou para o corrente mês a segunda fase do plano de capitalização, com um aumento de capital em dinheiro de 2.500 ME e a emissão de 500 ME de 'additional tier 1'. (Editado por Sérgio Gonçalves)