BRUXELAS, 27 Jan (Reuters) - Portugal está confiante na sua capacidade de financiamento em mercado ao longo do ano de 2017, apesar da volatilidade recente, disse o Ministro das Finanças, Mário Centeno, acrescentando que o Tesouro está a gerir cuidadosamente uma importante almofada de liquidez.
"A almofada existe já há bastante tempo e é uma política activa na nossa gestão da dívida. Temos de a reafirmar porque ela é importante. É importante em momentos de volatilidade", disse Mário Centeno, em declarações televisionadas pela RTP3.
"A situação de liquidez da nossa capacidade de financiamento ao longo de 2017 não está posta em causa. A gestão feita e programada para 2017 começou já a ser cumprida e não há nenhum receio sobre essa matéria", disse o Ministro das Finanças, em Bruxelas.
"A almofada é apenas um dos instrumentos que temos para o fazer", vincou.
A 'yield' das Obrigações portuguesas a 10 anos desce hoje ligeiramente face à sessão anterior, mas acumula um agravamento semanal de 23 pontos base para 4,12 pct, contagiada pelos receios do impacto da re-inflação fomentada pela presidência Trump e da incerteza política em Itália.
Ontem, a agência de notação Fitch disse que a banca de Portugal, que é das mais vulneráveis da Europa, vai manter o pesado 'fardo' de activos problemáticos até ao final de 2017. A Fitch frisou que vê o sector numa encruzilhada e como factor-chave para o risco soberano.
Esta agência pronuncia-se sobre o 'rating' de Portugal na próxima semana, a 3 de Fevereiro.
Os analistas também estão nervosos com os comentários desta semana de Sabine Lautenschlaeger, que pertence ao 'board' do Banco Central Europeu, referindo que o banco central poderá começar a preparar uma saída do seu programa de estímulos sem precedentes. (Por Daniel Alvarenga; Editado por Patrícia Vicente Rua)