LISBOA, 18 Out (Reuters) - O primeiro-ministro aceitou o pedido de demissão da ministra da Administração Interna, que resignou após o Presidente da República ter exigido que o Governo retire todas as consequências dos incêndios que mataram mais de 100 pessoas em quatro meses.
Ontem, ao início da noite, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa frisou que "abrir um novo ciclo obrigará o Governo a decidir o quê, quem, como e quando serve esse ciclo".
"A ministra da Administração Interna apresentou-me formalmente o seu pedido de demissão em termos que não posso recusar", refere um comunicado do primeiro-ministro António Costa.
Em Junho último, um incêndio florestal na região de Pedrógão fez 64 mortos e, no fim de semana passado, outro na região centro do país causou mais 45 vítimas mortais.
Na carta de demissão, Constança Urbano de Sousa referiu que considerou não que "não tinha condições políticas e pessoais para continuar no exercício do cargo", pedindo ao primeiro-ministro que aceitasse o seu pedido até para manter a sua "dignidade pessoal".
Ontem, o presidente frisou: "por muito que a frieza destes tempos cheios de números e chavões políticos, económicos e financeiros nos convidem a minimizar ou banalizar, estes mais de 100 mortos não mais sairão do meu pensamento, como um peso enorme na minha consciência, tal como no meu mandato presidencial".
"(O Governo deve) retirar todas, mas todas, as consequências dos relatórios, em especial da Comissão Técnica Independente, como de resto se comprometeu a retirar", disse.
(Por Sérgio Gonçalves)