(Repete notícia divulgada ontem ao final da tarde)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 27 Jan (Reuters) - Os resultados do BPI BBPI.LS mostram que não precisa de participar em qualquer veículo para o 'malparado' e o sistema financeiro português também tem feito uma evolução muito positiva em termos de capital, disse o CEO do banco, realçando que nunca ninguém lhe falou desse projecto.
O Banco de Portugal (BP) e o Governo têm referido que estão a estudar a criação de um veículo que resolva parte dos problemas do 'malparado' em Portugal, que tem gerado fortes imparidades.
Hoje, a Fitch disse que a banca de Portugal, que é das mais vulneráveis da Europa, vai manter o pesado 'fardo' de activos problemáticos até ao final de 2017, vendo o sector numa encruzilhada e como factor-chave para o risco soberano. malparado), que não é um problema do BPI, penso que está demonstrado nas nossas contas. Sobre o projecto (do veículo) não conheço, nunca ninguém me falou desse projecto", disse o Chief Executive Officer (CEO) Fernando Ulrich, em conferência de imprensa.
"Têm de perguntar isso a quem pensa que é preciso fazer isso, eu não sei", disse, frisando: "não posso especular sobre isso e não vou fazer um processo de intenções às pessoas que estão a trabalhar nisso, quer do lado das Autoridades, que do lado do sector privado".
"Não posso fazer um processo de intenções que estão a fazer isso de uma forma que estão a prejudicar outros", afirmou.
O CEO do BPI constatou que "a Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai ter uma significativa recapitalização, o BCP BCP.LS está a fazer um importante aumento de capital, o Santander Totta é um banco muito forte e o BPI também".
"Portanto faço uma avaliação muito positiva do sistema bancário português e dos níveis de capitalização", referiu.
O lucro líquido consolidado do BPI, que é o alvo de um 'takeover' do espanhol Caixabank CABK.MC , subiu 32,5 pct para 313,2 milhões de euros (ME) em 2016, o segundo melhor da sua história, suportado no robusto aumento da margem financeira e na descida das imparidades de crédito malparado.
As provisões e imparidades para crédito desceram a pique 68 pct para 33 ME, enquanto o rácio de crédito em risco fixou-se em 3,7 pct, de 4,5 pct em 2015.
Segundo dados do BP, em Agosto de 2016, o crédito vencido em Portugal ascendia a 18.031 milhões de euros (ME) ou 9,2 pct dos 196.782 ME de empréstimos a empresas e particulares, com 12.960 ME de crédito vencido das empresas ou 16,5 pct do crédito que lhes foi concedido, enquanto o crédito vencido de particulares se fixou em 5.071 ME ou 4,3 pct.
O crédito vencido tem vindo a subir sistematicamente desde os 8.700 ME ou 3,4 pct registados em 2010, antes de Portugal pedir o resgate e da 'troika' de credores ter monitorizado a situação financeira de Portugal.
Contudo, os analistas têm realçado que, usando o critério mais exigente do crédito em risco, o verdadeiro malparado de Portugal é muito superior ao que resulta do simples crédito vencido.
De facto, numa nota estatística posterior, o BP disse que, no segundo trimestre de 2016, o rácio de crédito em risco tinha aumentado 0,4 pontos percentuais (pp), face ao trimestre anterior, para 12,7 pct do total do crédito a empresas e particulares.
Esta subida deveu-se essencialmente à subida do crédito em risco das empresas, que em Junho se situou em 21 pct do crédito total que lhes foi concedido, enquanto o crédito ao consumo vencido se fixou em 14,7 pct e o crédito à habitação vencido em 6,1 pct. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)