Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 1 Nov (Reuters) - O dólar anulou a alta e passou a operar em queda e mais perto dos 3,25 reais nesta quarta-feira, com fluxo vendedor aproveitando as altas cotações em meio a temores com a agenda econômica do governo.
Até então, a moeda norte-americana subia ante o real também com os investidores à espera de sinais de como o Federal Reserve, banco central norte-americano, vai gerenciar sua política monetária.
Às 12:54, o dólar recuava 0,18 por cento, a 3,2670 reais na venda, depois de atingir 3,2933 reais na máxima da sessão. O dólar futuro DOLc1 cedisa 0,26 por cento.
Em outubro, a moeda norte-americana saltou 3,32 por cento e se aproximou de 3,30 reais, maior avanço mensal desde novembro de 2016 (+6,18 por cento), quando Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos.
"A moeda a 3,30 reais está um pouco esticada, então muitos acabam aproveitando para realizar um pouco dos lucros", comentou um profissional da mesa de câmbio de uma corretora nacional.
O foco dos investidores, no entanto, continuava sendo o Fed, que deve deixar inalterada a taxa de juros em reunião nesta sessão e com anúncio às 16:00 (horário de Brasília), em meio às especulações sobre quem será seu próximo comandante, mas deverá destacar uma economia firme conforme caminha para possível aumento dos juros no próximo mês. Fed elevou os juros duas vezes desde janeiro e prevê atualmente mais um aumento até o fim do ano como parte do ciclo de aperto monetário que começou no final de 2015.
Trump deve anunciar no dia seguinte o novo chair do Fed, que substituirá Janet Yellen, cujo mandato termina em fevereiro. Neste dia os mercados brasileiros não funcionarão em razão do feriado de Finados.
O favorito para ser indicado é o atual diretor do Fed, Jerome Powell, centrista que defendeu a postura de gradualismo de Yellen em relação à alta dos juros.
"O nome de Jerome Powell, considerado 'dosvish' (menos propenso a subir juros) se destaca cada vez mais e, com isso, o cenário de liquidez positiva aos mercados tende a se firmar, caso confirmado", acrescentou a gestora Infinity em relatório.
No exterior, o dólar tinha leve alta ante uma cesta de moedas .DXY e operava misto ante divisas de países emergentes, em alta ante a lira turca TRY= em queda ante o peso mexicano MXN= .
A cena interna também continuava no radar dos mercados, com ceticismo sobre a capacidade política do presidente Michel Temer de emplacar sua agenda política no Congresso Nacional, em especial a reforma da Previdência. Esses temores levaram o dólar a saltar no mês passado. (Por Claudia Violante; Edição de Patrícia Duarte)