LONDRES, 23 Fev (Reuters) - O Barclays BARC.L anunciou um surpreendente aumento nas suas almofadas de capital esta quinta-feira graças à rápida venda de activos indesejados, ajudando o banco britânico a colocar fundos de parte quando se prepara para batalhas legais e piores condições de mercado.
Anunciando os seus resultados de 2016, o banco disse que o seu 'core capital ratio', uma medida chave de força financeira avaliada de perto pelos bancos centrais, subiu para 12,4 pct, o que significa que o banco já não necessita de acumular mais dinheiro.
Apesar dos lucros do Barclays serem mais baixos que o esperado, quase que triplicaram em relação a um ano atrás com o banco a emergir de uma reestruturação em que se está a ver livre de activos indesejados, incluindo a maior parte dos seus negócios em África, para se focar nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Os analistas esperavam que o rácio de capital do banco só subisse até aos 11,8 pct.
"Retirou da mesa a questão que nos colocaram várias vezes no último ano: Vão necessitar de angariar capital? ...Isto deve colocar esta questão de parte", disse o CEO Jes Staley aos repórteres numa teleconferência.
O capital tem sido uma preocupação chave para os investidores desde que o Banco de Inglaterra disse em Novembro que o Barclays tinha ficado aquém de um dos seus objectivos num cenário de teste de stress, mas não chegou a pedir ao banco para delinear um novo plano para aumentar as suas reservas.
"Estamos bem posicionados para absorver ventos contrários nos próximos anos. Alguns problemas de 'legacy conduct' permanecem e pretendemos fazer mais progressos neles", disse Staley numa declaração.
O banco enfrenta uma série de desafios, incluindo custos de litigância nos Estados Unidos, aumento de provisões para pagamentos tardios de cartões de crédito e a necessidade de completar a venda da sua divisão africana.
O impulso ao capital veio de lucros crescentes de 'trading' num contexto de mercados voláteis e da alienação mais rápida que o esperado de activos indesejados em 2016, incluindo o seu banco privado asiático, o negócio de cartões empresariais no sul da Europa e o negócio de banca de retalho em Itália.
O Barclays disse que vai agora encerrar a sua chamada divisão 'non-core' em Junho, seis meses antes do previsto.
"A chave nos resultados é o progresso de capital...O custo final de litigância permanece incerto mas o rácio mais alto dá ao banco mais flexibilidade e é bem-vindo", escreveu Fiona Swaffield, analista no Royal Bank of Canada, numa nota.
Texto integral em inglês: (Reportagem de Lawrence White, Traduzido para português por João Maurício em Gdynia;Editado em português por Daniel Alvarenga em Lisboa)