FELGUEIRAS, 11 Nov (Reuters) - Casamentos adiados, festas de cocktail canceladas e eventos de trabalho substituídos por videochamadas. Com as reuniões sociais severamente reduzidas devido à pandemia do coronavírus, as pessoas têm vindo a comprar muito menos sapatos.
Isto atingiu duramente a indústria do calçado em Portugal, uma vez que esta é especializada em calçado de couro topo de gama - normalmente reservado para grandes ocasiões e ambientes de trabalho formal - e a maioria é exportada.
"Não há clubes nocturnos, não há casais a sair... tudo isto significa cortes em certos produtos", disse João Maia, director-geral da associação portuguesa de calçado APICCAPS.
Algumas empresas mudaram para o fabrico de calçado mais confortável para utilização em casa ou no supermercado. Algumas acrescentaram máscaras e outros equipamentos de segurança às suas linhas de produção.
Mas as mudanças não vão compensar todas as perdas. Entre Janeiro e Agosto deste ano, as exportações de Portugal - o terceiro maior produtor europeu de calçado depois de Itália e Espanha - caíram cerca de 17% em relação ao mesmo período em 2019.
Portugal exporta mais de 90% do seu calçado e o sector cresceu cerca de 50% durante a última década, tendo ganho 1,7 mil milhões de euros no ano passado, após um pico de 1,9 mil milhões de euros em 2017.
Os fabricantes têm de se adaptar para sobreviver.
Paulo Martins, um parceiro da marca de calçado masculino Ambitious, disse que durante o primeiro confinamento, a sua empresa começou a concentrar-se no calçado para usar em casa ou para fazer jardinagem.
"As pessoas que costumavam vestir-se e calçar sapatos mais formais estão agora a trabalhar a partir de casa e ... querem um produto mais confortável", disse Martins na sua fábrica no norte de Portugal, onde está a maioria das quase 1.500 empresas de calçado do país.
"As preferências estão a mudar e isso terá grandes repercussões no nosso negócio".
Texto original em inglês: (Reportagem de Catarina Demony e Miguel Pereira, traduzido para português por André Vitor Tavares em Gdansk Newsroom; Editado por Patrícia Vicente Rua em Lisboa)