SÃO PAULO, 29 Mar (Reuters) - O dólar opera em queda frente ao real nesta sexta-feira, estendendo o alívio da véspera, em meio à percepção de trégua entre autoridades do governo e do Congresso sobre a reforma da Previdência.
Às 12h37, o dólar BRBY caía 0,71 por cento, a 3,8182 reais na venda.
Na B3, a referência do dólar futuro DOLc1 perdia 0,17 por cento, a 3,8950 reais.
Na quinta-feira, a cotação no mercado a vista chegou a superar a marca de 4,00 reais nos primeiros negócios, nas máximas em torno de seis meses, mas terminou em baixa de cerca de 1 por cento.
A escolha, no fim da tarde de quinta, do relator da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados também alimentou expectativas de que a partir de agora o cronograma para análise do texto possa ser seguido, o que reduz o risco de uma reforma mais demorada e, possivelmente, mais diluída. apostas de não aprovação da reforma ainda são muito isoladas. O que vinha sendo embutido nos preços era a chance de uma postergação. Mas agora a tendência é o mercado dar uma acalmada", diz Cleber Alessie, da mesa financeira da H.Commcor.
Considerando as variáveis correlacionadas à taxa de câmbio, o real deveria estar mais valorizado. Nas contas de Gabriela Fernandes, da Gauss Capital, o dólar deveria operar atualmente em 3,50 reais. A gestora, contudo, não tem estimativa oficial de taxa de câmbio.
"Nós já temos uma projeção de que a reforma seja aprovada na Câmara por volta de novembro, o que já é um cenário mais conservador em relação à média do mercado", diz, indicando que a taxa de câmbio tem mais espaço para valorização em caso de surpresas positivas.
As rusgas entre Executivo e Legislativo ao longo do mês, contudo, cobraram o preço do câmbio. O dólar acumula alta de 3,6 por cento ante real em março, a caminho da maior valorização mensal desde agosto de 2018, quando a cotação disparou 8,46 por cento.
Nesta sexta-feira, o Banco Central fez a rolagem do lote integral de 3 bilhões de dólares ofertado em leilão de linha de moeda estrangeira com compromisso de recompra. Assim, o BC evitou uma saída dessa mesma quantia de recursos prevista para o começo de abril.
Na véspera, o BC já havia colocado no mercado 1 bilhão de dólares em oferta líquida de moeda via operação de linha. (Por José de Castro; Edição de Paula Arend Laier)