Por Sergio Goncalves
LISBOA, 12 Abr (Reuters) - Portugal colocou ontem 3.000 milhões de euros (ME) de Obrigações do Tesouro (OT) a 15 anos, que registou uma tremenda procura, tendo as gestoras de fundos comprado 30,7 pct da emissão e os bancos 25,2 pct, segundo o IGCP-Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública.
Adiantou que as seguradoras e os fundos de pensões em conjunto ficaram com 22,3 pct da colocação e os 'hedge funds' com 14,6 pct.
Os investidores do Reino Unido foram o grupo que ficou com a maior fatia da emissão, ou seja 26,5 pct, enquanto os de França, Itália e Espanha em conjunto ficaram com 23,6 pct. Os investidores da Alemanha, Austria e Suíça ficaram em bloco com 22,3 pct, enquanto os de Portugal ficaram com apenas 7,2 pct.
Este novo benchmark de OTs a 15 anos foi finalmente precificado com um cupão de 2,250 pct e uma 're-offer yield' de de 2,325 pct.
O IGCP explicou que, "com esta transação, Portugal completou cerca de dois-terços do seu plano de financiamento antecipado de 15.000 ME em OTs para 2018".
"A transação beneficiou da forte procura dos investidores, conforme destacado pelo livro final de ordens de 16.000 ME, o que permitiu a Portugal precificar os novos Bonds a um spread de Mid swaps + 102 pontos base (pb) a partir da área Mid Swap +105 pb", disse o IGCP em comunicado.
"Portugal também optou por aumentar transacção para 3.000 ME, tendo como meta inicial 2.500 ME para satisfazer o tremendo apetite por este 'deal', mantendo ao mesmo tempo a capacidade de dar liquidez à sua curva através de leilões no resto do ano", adiantou.
Os 'joint-bookrunners' foram o Barclays (LON:BARC), o Caixa Banco de Investimento, o Deutsche Bank (DE:DBKGn), o HSBC (LON:HSBA), o Morgan Stanley (NYSE:MS) e o SG CIB.
Portugal, que está a ser muito menos apoiado pelo programa de compra de obrigações pelo Banco Central Europeu, está a beneficiar muito da melhoria dos 'ratings' e dos indicadores económicos - descida consolidada do défice e um crescimento económico mais forte do que o previsto.
A 'yield' das Obrigações do Tesouro de Portugal a 10 anos PT10YT=TWEB segue a negociar próxima de mínimos nos 1,72 pct contra mais de 4,25 pct em Fevereiro de 2017 e à volta de 2 pct no início de 2018.
Em 26 de Março, o Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciou que o défice de Portugal de 2017 se fixou em 3 pct do PIB incluindo a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos mas, retirando este impacto extraordinário, caiu para metade nos 0,92 pct e o ministro das Finanças disse então que vai manter a política de rigor orçamental.
O INE referiu que vê o défice público português de 2018 em 1,1 pct, sem incluir qualquer efeito 'one off', com o país a voltar a cortá-lo para o mínimo em mais de 40 anos de Democracia pelo terceiro ano seguido.
O rácio da dívida pública é visto pelo INE a descer para 123,1 pct do PIB em 2018, contra 125,7 pct em 2017 e 129,9 pct em 2016.
Portugal está a passar pela sua fase de crescimento mais forte desde o início do século, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) crescido 2,7 pct em 2017, acima dos 2,6 pct previstos pelo Governo e contra 1,5 pct em 2016. O Governo prevê um crescimento de 2,2 pct em 2018.
(Por Sérgio Gonçalves)