🟢 Os mercados subiram. Os mais de 120 000 membros da nossa comunidade sabem o que devem fazer. Você também pode saber.Poupar 40%

Multiplicador “Keynesiano”, Curva de Phillips e FED!

Publicado 23.05.2024, 15:10
EUR/USD
-

Do conhecimento que tenho, a instituição que têm mais economistas ao redor do mundo é a Reserva Federal Americana, com mais de 4000 economistas altamente qualificados. Na universidade eles aprenderam estes modelos e quem ingressa na universidade também aprende a curva de Phillips e os multiplicadores Keynesianos (pelo menos eu abordei esta matéria), creio que será senso comum em todas as universidades portuguesas e, em geral, ao redor do mundo. Mas será que andamos a aprender coisas que não funcionam?

“Estagflação”, diria ser uma palavra que os economistas não acreditam que se concretize (hoje). A visão que predomina é que uma recessão é caracterizada por um desemprego mais elevado e uma redução da despesa, e a inflação é desencadeada pelo pleno emprego e pelo aumento da despesa, daí que não podem acontecer em simultâneo. Na minha ótica, esta visão não está correta, e estagnação económica e inflação podem suceder as duas em simultâneo, e a isso se dá o nome de “Estagflação”.

O primeiro argumento da “Estagflação” é a estagnação do crescimento. Isto pode assumir a forma do que os economistas chamam “recessão técnica” (dois trimestres consecutivos de declínio do Produto Interno Bruto “PIB”) ou simplesmente aquilo que os espanhóis chamam “Ralentización Económica” (acho muito engraçado o termo em espanhol daí empregar aqui o mesmo), o mesmo é dizer um crescimento lento a uma taxa inferior ao crescimento potencial de uma dada economia. A maior economia do mundo (USA) cresceu nos últimos anos, mas o crescimento permaneceu abaixo da média histórica!

O crescimento deve-se a política monetária? Não, deve-se, sim, a uma política fiscal sem precedentes, incorrendo em défices anuais enormes, falamos de triliões de dólares (biliões europeus). A política fiscal que envolve despesas diretas com défice governamental produz um crescimento que a política monetária não consegue alcançar! Mas qual o custo desta mesma política?

A economia Keynesiana (forma geral) diz-nos que os gastos do governo em tempos de recessão ou quando as poupanças dos consumidores são demasiado elevadas podem estimular o crescimento. Isto é, se a “National Debt” for moderada, é possível obter mais de 1 dólar de crescimento por cada 1 dólar de despesa governamental financiado por empréstimos. Ao hoje, essas condições já não fazem sentido/não se aplicam!

Multiplicador Keynesiano está fraturado!

O rácio “National Debt/GDP” é de, 134%, o mais elevado da história dos USA! Os gastos do governo são frequentemente direcionados para projetos não produtivos. Quando a dívida aumenta mais rapidamente do que o PIB, o que acontece atualmente, o rácio “National Debt/GDP” aumenta e o multiplicador Keynesiano diminui. Isto é, está a tentar contrair empréstimos e gastar para sair de uma crise de dívida, que o caminho que deverá levar será o incumprimento (o que não é necessário ou desnecessário, visto que, os USA podem imprimir dólares) ou numa hiperinflação (a probabilidade está lá), e não é descabido ter esta possibilidade em cima da mesa.

Tanto o incumprimento ou uma hiperinflação por norma acontecem no final de uma hegemonia, ou de um jogo de poder, e pode levar muitos anos, o que vai a acontecer nos bastidores ao longo de tempo é outra história. Para Biden e a curto prazo pode ser um impulso importante, visto estarmos num ano eleitoral, mas é um obstáculo ao longo do tempo (longo prazo) ao crescimento dos USA. Um parênteses: o que falei anteriormente faz-me lembrar quando vamos a um bar para beber umas cervejas, para esquecer os problemas que tivemos seja uma quebra na relação ou no trabalho, ou qualquer outra coisa, bebemos para esquecer, e naquele momento os problemas varrem-se da nossa mente acredito eu, pois, eu não bebo, mas no dia seguinte além da ressaca, o problema vai continuar lá.

USA igual ao Japão? Já esteve mais longe, o “National Debt/GDP” do Japão anda a rondar os 260%! O Japão tem estado numa longa depressão desde 1990, pontuada por nove recessões técnicas distintas. O Japão não pode “estimular” o seu caminho para o crescimento. Só podem continuar a gastar com défice para sustentar o crescimento nominal, ao mesmo tempo que agravam o seu rácio da dívida e os problemas de crescimento lento.

Os USA e um pouco pelo mundo estão a seguir o mesmo caminho, daí que a estagnação económica na forma de crescimento fraco e recessões ocasionais é o futuro da economia dos USA, apesar dos trimestres recentes que têm mostrado dados fortes. Em suma, a estagflação deve estar bem presente na cabeça dos mais de 4000 economistas da Reserva Federal!

Relativamente ao capítulo inflacionário e a hipótese da estagnação económica, tudo é aberto ao debate e não estou a assumir que sou o dono da razão, pois, é só mais uma opinião no meio de milhões de opiniões, mas existem factos tais como, a inflação vêm subindo há 3 meses consecutivos, se formos um pouco mais atrás a inflação têm estado num intervalo persistente em torno dos 3,3% durante os últimos 10 meses! Estará a inflação da volta? Ou, na verdade, ela nunca se despediu de nós?

Há diversas formas de medir a inflação, o “IPC” é uma delas e têm em conta o petróleo que são um fator muito importante, pois, a título exemplificativo, até as pastilhas elásticas levam petróleo ou algo derivado do mesmo na sua composição. O preço de petróleo, desde dezembro de 2023, têm subido até ao pico que registou nos $88 em abril, continuará a tendência de subida?

Acontecimentos que impulsionam a inflação do lado da oferta como o colapso da Key Bridge em Baltimore, o encerrar da rota marítima Mar Vermelho/Canal de Suez e as consequências das sanções da guerra contra a Ucrânia. Estas restrições do lado da oferta podem ser deflacionárias no longo prazo, mas inflacionárias no curto prazo!

Modelos utilizados pela Fed (Reserva Federal Americana)

Vê-se pelo gráfico dos “Dot Plot” que é um gráfico de pontos, utilizado pelos vários bancos centrais dos USA, em que cada um expressa a sua opinião de qual deve ser o ponto médio da taxa de juro diretora para um determinado período temporal. Em alguns momentos (muitos) existe uma dispersão brutal, e isso mostra que não existe nenhum modelo de previsão. Não é ao acaso (tipo lotaria), mas às vezes parece!

Curva Phillips, outra coisa estudada na universidade na cadeira de macroeconomia, e o que este modelo nos diz é: existe uma correlação inversa entre desemprego e inflação. Se o desemprego for baixo, deve-se esperar que a inflação seja elevada e vice-versa. A justificação assenta que o mercado de trabalho restritivo leva a exigências salariais que aumentam os gastos e alimentam a inflação.

  • No início da década de 1960, os USA tinham desemprego e inflação baixos.
  • No final da década de 1970, os USA tinham um elevado desemprego e uma inflação elevada.
  • Em 1980 a inflação era elevada e o desemprego também.
  • Na década de 1930, os USA tinham um elevado desemprego e encontravam-se em deflação.
  • A apoiar o modelo da curva de Phillips temos, por exemplo, 1973–1975, em que o desemprego era baixo e a inflação elevada.

Em suma, a curva de Phillips tende a errar com alguma frequência. Existem diversas causas tanto para o desemprego como para a inflação, mas a relação inversa entre elas não é propriamente uma verdade.

FED (Quantitative Tightening e Quantitative Easing)

Para a FED corte na taxa de juro diretora = igual a estímulo monetário, aumento da taxa de juro = aperto monetário. Será verdade?

Quando as economias estão em expansão, as taxas de juro sobem porque as empresas competem por mais fundos para expandir a capacidade e fazer investimentos, pois, se não se coloca um travão, as coisas podem ir longe demais. Taxas elevadas vão acabar por levar ao excesso de capacidade e à recessão. Taxas baixas vão acabar por levar a oportunidades de investimento e a uma nova expansão.

Mas pontos de viragem (por norma) tendem a acontecer nos extremos, como parte de um ciclo económico normal. Numa situação “standard” taxas mais elevadas estão associadas a tempos bons e taxas baixas estão associadas a recessões/depressões.

A FED não lidera o ciclo económico, mas persegue-o! Eu costumo utilizar a expressão do gato e do biscoito que consiste no seguinte: se eu tiver o biscoito o gato vêm até mim, mas se eu correr atrás do gato para lhe dar o biscoito tenho que andar atrás dele.

Em resumo, a FED continua a insistir numa política monetária restritiva para combater a inflação. Mas a inflação não é causada por eles, é causada sim por perturbações no lado da oferta (problemas no petróleo e outras questões relacionadas com a cadeia de abastecimento global) e uma série de outros fatores que a FED não controla. A Fed está a trabalhar bem para colocar a economia americana brevemente numa recessão. No entanto, com a inflação a aumentar devido a problemas na cadeia de abastecimento, bolhas de ativos e aumentos dos salários, será esta a receita para a estagflação?

Últimos comentários

A carregar o próximo artigo...
Divulgação de riscos: A realização de transações com instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve altos riscos, incluindo o risco de perda de uma parte ou da totalidade do valor do investimento, e pode não ser adequada para todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos tais como eventos financeiros, regulamentares ou políticos. A realização de transações com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir realizar transações com instrumentos financeiros ou criptomoedas, deve informar-se sobre os riscos e custos associados à realização de transações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente os seus objetivos de investimento, nível de experiência e nível de risco aceitável, e procurar aconselhamento profissional quando este é necessário.
A Fusion Media gostaria de recordar os seus utilizadores de que os dados contidos neste website não são necessariamente fornecidos em tempo real ou exatos. Os dados e preços apresentados neste website não são necessariamente fornecidos por quaisquer mercados ou bolsas de valores, mas podem ser fornecidos por formadores de mercados. Como tal, os preços podem não ser exatos e podem ser diferentes dos preços efetivos em determinados mercados, o que significa que os preços são indicativos e inapropriados para a realização de transações nos mercados. A Fusion Media e qualquer fornecedor dos dados contidos neste website não aceitam a imputação de responsabilidade por quaisquer perdas ou danos resultantes das transações realizadas pelos seus utilizadores, ou pela confiança que os seus utilizadores depositam nas informações contidas neste website.
É proibido usar, armazenar, reproduzir, mostrar, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos neste website sem a autorização prévia e explicitamente concedida por escrito pela Fusion Media e/ou pelo fornecedor de dados. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados pelos fornecedores e/ou pela bolsa de valores responsável pelo fornecimento dos dados contidos neste website.
A Fusion Media pode ser indemnizada pelos anunciantes publicitários apresentados neste website, com base na interação dos seus utilizadores com os anúncios publicitários ou com os anunciantes publicitários.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que há qualquer discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.