Por Sergio Goncalves
LISBOA, 19 Dez (Reuters) - O maior grupo industrial de Portugal, EDP-Energias de Portugal EDP.LS , vendeu 6 barragens em Portugal com capacidade de 1.689 MW a um consórcio liderado pela sua parceira para a eólica 'off shore' Engie ENGIE.PA por 2.210 milhões de euros (ME), anunciou a EDP (SA:ENBR3).
Estas centrais hídricas totalizam 1.689 MW de capacidade instalada na bacia hidrográfica do rio Douro: 3 centrais de fio de água (Miranda, Bemposta e Picote) com 1,2 GW de capacidade instalada; 3 centrais de albufeira com bombagem (Foz Tua, Baixo Sabor e Feiticeiro) com 0,5 GW de capacidade.
Adiantou que " valor da transacção acordado representa um Enterprise Value de 2.210 milhões - com o equity value sujeito a ajustamentos até à conclusão da operação".
Em 2018, ano em que o índice de produtividade hidroelétrica em Portugal foi de 1,05x, o EBITDA deste conjunto de activos ascendeu a 154 ME.
"Esta transação tem como objectivo a optimização do portefólio, reduzindo a exposição à volatilidade hídrica e de preço de mercado, reforçando o perfil de baixo risco do negócio e o nível de endividamento", disse a EDP em comunicado.
Fontes tinham dito à Reuters que a Iberdrola IBE.MC , a Engie e a norueguesa Statkraft fizeram 'binding offers' para estes activos.
A 12 de Março, a EDP anunciou que planeia investir 12.000 ME até 2022 para impulsionar a aposta em renováveis sobretudo na América do Norte e Europa, prevendo encaixar mais de 6.000 ME com rotações e vendas de activos, reduzindo a exposição na Ibéria. A venda de activos na Ibéria era estimada em 2.000 ME.
"Esta transação, combinada com uma forte visibilidade do plano de crescimento "contribuem de forma decisiva para a execução do Plano Estratégico 2019-22".
Apesar desta venda, "a EDP manterá a sua posição de liderança em Portugal, com uma capacidade de geração hídrica instalada de 5,1 GW e continuará a ser o segundo maior operador hídrico na Península Ibérica".
A conclusão da transacção está prevista para o segundo semestre de 2020, estando ainda pendente das aprovações societárias e regulatórias aplicáveis.
A Engie tem uma participação de 40% do consórcio, o Crédit Agricole Assurances 35% e Mirova - Grupo Natixis - 25%.
Em Maio, a francesa Engie ENGIE.PA e a EDP anunciaram uma 'joint venture' 50/50 com o objetivo de se tornar o número dois mundial da energia eólica offshore, depois da dinamarquesa Orsted ORSTED.CO , prevendo investir 15 mil milhões de euros (ME) (16,7 mil milhões de dólares).
As duas empresas, que ainda não possuiam parques eólicos offshore operacionais, disseram que combinariam os seus activos eólicos offshore e pipelines, começando com um total de 1,5 gigawatts (GW) em construção e 4 GW em desenvolvimento.
Então, a Orsted tinha uma capacidade instalada offshore cumulativa de cerca de 3 GW no final de 2018, equyivalente a uma de mercado de cerca de 16%, segundo dados da WindEurope, com a E.ON EONGn.DE da Alemanha, a Vattenfall VATN.UL da Suécia e a alemã Innogy IGY.DE em segundo, terceiro e quarto lugares, cada um com mais de 1,0 GW instalado.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)