🔥 Ações premium escolhidas por IA da InvestingPro Poupe agora até 50%OBTER OFERTA

Análise Setorial das Indústrias Alimentares 2012-2016

Publicado 28.03.2018, 17:37

O Banco de Portugal atualiza hoje o Estudo da Central de Balanços | 4 – Análise setorial das indústrias alimentares com informação sobre a evolução da situação económica e financeira das empresas pertencentes às indústrias alimentares entre 2012 e 2016.

Esta informação é complementada com dados relativos a 2017 sobre os empréstimos concedidos pelo setor financeiro residente.

Os resultados são apresentados por referência às classes de dimensão – microempresas, pequenas e médias empresas (PME) e grandes empresas – e comparados com os resultados do setor das indústrias transformadoras (Secção C da CAE-Rev.3) e do total das empresas.

Este estudo foi publicado pela primeira vez em 2011, com informação relativa ao período 2006- 2011, e atualizado em 2016, com informação referente ao período 2010-2015.

Estrutura e dinâmica

O setor das indústrias alimentares abrangia mais de 6 mil empresas em 2016. O número de empresas diminuiu face a 2015

Em 2016, pertenciam às indústrias alimentares 6,2 mil empresas, que correspondiam a 1,5 por cento das empresas em Portugal, a 4 por cento do seu volume de negócios e a 3 por cento do respetivo número de pessoas ao serviço. Este setor representava ainda 14 por cento das empresas, 15 por cento do volume de negócios e 14 por cento das pessoas ao serviço das indústrias transformadoras. O peso das indústrias alimentares nas indústrias transformadoras não se alterou desde 2012.

O número de empresas em atividade no setor diminuiu 0,3 por cento em 2016 relativamente ao ano anterior (redução similar à registada nas indústrias transformadoras). Esta variação compara com um aumento de 0,6 por cento no total das empresas (Gráfico 1).

O setor era maioritariamente constituído por microempresas, apesar de as PME dominarem em volume de negócios e número de pessoas ao serviço

Os “produtos de padaria” (CAE 107) destacavam-se no número de empresas do setor e de pessoas ao serviço (61 por cento e 42 por cento, respetivamente). Os “produtos à base de carne” (CAE 101) geravam 20 por cento do volume de negócios (Gráfico 2).

O setor das indústrias alimentares era maioritariamente constituído por microempresas (70 por cento), apesar de as PME (29 por cento) serem mais representativas quando considerados o volume de negócios (56 por cento) e o número de pessoas ao serviço (63 por cento) (Gráfico 3).

O volume de negócios estava mais concentrado em empresas com sede em Lisboa (32 por cento), no Porto (15 por cento) e em Santarém (8 por cento), distritos que agregavam, em 2016, 55 por cento do volume de negócios do setor das indústrias alimentares. Ainda assim, a representatividade do setor era maior em Ponta Delgada e Angra do Heroísmo; o setor era responsável, em 2016, respetivamente, por 15 e 13 por cento do volume de negócios das empresas aí sediadas.

Indicadores e Estrutura

Atividade e rendibilidade

Volume de negócios aumentou 2,4 por cento em 2016 O volume de negócios das indústrias alimentares aumentou 2,4 por cento em 2016 relativamente ao ano anterior. Esta foi a taxa de crescimento mais elevada registada no setor entre 2012 e 2016, ultrapassando, em 2016, o aumento registado pelas indústrias transformadoras e pelo total das empresas (0,8 e 2,1 por cento, respetivamente). Por classes de dimensão, o volume de negócios aumentou particularmente nas grandes empresas (6 por cento), enquanto as PME registaram uma variação marginal (0,1 por cento). O volume de negócios das microempresas diminuiu 0,5 por cento em 2016.

O segmento dos “produtos à base de carne” (CAE 101) foi o que mais contribuiu para o crescimento do volume de negócios do setor, ainda que o segmento dos “frutos e produtos hortícolas” (CAE 103) tenha registado variações anuais do volume de negócios superiores a 5 por cento no período 2012-2016. Em 2016, 20 por cento do volume de negócios das indústrias alimentares tinha origem nas exportações. O mercado externo contribuiu para o aumento do volume de negócios do setor (em 1 p.p.), embora o maior contributo positivo tenha estado associado ao mercado interno (1,5 p.p.) (Gráfico 4).

O saldo entre a componente exportada do volume de negócios e a componente importada das compras e fornecimentos e serviços externos foi, em 2016, negativo, numa proporção equivalente a 2 por cento do volume de negócios do setor em análise (saldos positivos de 17 por cento nas indústrias transformadoras e 1 por cento no total das empresas). No mesmo ano, 5 por cento das empresas das indústrias alimentares pertenciam ao setor exportador. O peso do setor exportador nas indústrias alimentares era, no entanto, inferior ao registado nas indústrias transformadoras e no total das empresas (15 e 6 por cento, respetivamente).

O EBITDA das indústrias alimentares diminuiu 13 por cento em 2016 (aumento de 2 por cento nas indústrias transformadoras e de 7 por cento no total das empresas). As grandes empresas contribuí- ram em 16 p.p. para a diminuição do EBITDA do setor, devido, essencialmente, às perdas registadas por uma das grandes empresas no âmbito de uma operação específica. As microempresas e as PME registaram contributos positivos (em 0,4 p.p. e 2,9 p.p., respetivamente). Mais de metade das empresas do setor registou variações anuais positivas do EBITDA, face a 2015. Esta proporção foi superior nas grandes empresas (66 por cento) (Gráfico 5). Contudo, em 2016, uma em cada três empresas das indústrias alimentares apresentou EBITDA negativo e, embora esta proporção tenha sido inferior à observada em 2015 (35 por cento), foi superior à registada, em 2016, nas indústrias transformadoras e no total das empresas (25 e 32 por cento, respetivamente).

Rendibilidade dos capitais próprios foi inferior à do total das empresas em 2016

A rendibilidade dos capitais próprios das indústrias alimentares foi de 5 por cento em 2016 (diminuiu 4 p.p. relativamente a 2015), valor inferior ao das indústrias transformadoras e ao do total das empresas (10 e 8 por cento, respetivamente) (Gráfico 6). Esta diminuição deveu-se à redução da rendibilidade das grandes empresas em 10 p.p., para 6 por cento (na sequência da referida redução do EBITDA).

A margem operacional (EBITDA/rendimentos) das indústrias alimentares foi de 6 por cento em 2016, inferior à registada nas indústrias transformadoras e no total das empresas (10 por cento, em ambos os casos) (Gráfico 7). A margem líquida (resultado líquido do período/rendimentos) foi inferior à das indústrias transformadoras e do total das empresas (2 por cento, que compara com 4 por cento nos dois últimos casos). Entre 2015 e 2016, as margens operacional e líquida do setor diminuíram 0,9 p.p. e 1,3 p.p., respetivamente, por oposição aos consecutivos aumentos registados entre 2012 e 2015.

Situação financeira

Autonomia financeira foi mais elevada. Dívida remunerada assumiu menor relevância no passivo do setor

O rácio de autonomia financeira das indústrias alimentares foi de 42 por cento em 2016 (40 por cento nas indústrias transformadoras e 32 por cento no total das empresas) (Gráfico 8). Não obstante o aumento consistente deste rácio no período 2012-2016, a autonomia financeira de metade das empresas do setor foi, em 2016, inferior ou igual a 24 por cento, sendo o valor médio do setor condicionado pela maior autonomia financeira mé- dia das grandes empresas (49 por cento). A menor autonomia financeira média das microempresas (19 por cento) deveu-se à elevada proporção de microempresas com capitais próprios negativos (39 por cento, por comparação com 16 por cento nas PME e 2 por cento nas grandes empresas). A “indústria de laticínios” (CAE 105) registou o rácio de autonomia financeira mais elevado (65 por cento), por oposição ao observado nos “produtos de padaria” (CAE107) (28 por cento).

Estrutura e Volume de Negócios

O passivo das indústrias alimentares aumentou 1 por cento em 2016, relativamente a 2015, tendo os créditos comerciais contribuído de forma mais significativa para esta evolução, em detrimento dos empréstimos bancários e dos títulos de dívida, que registaram evoluções negativas (Gráfico 9).

A dívida remunerada sob a forma de juros representava 48 por cento do total do passivo do setor das indústrias alimentares em 2016, parcela inferior à registada nas indústrias transformadoras e no total das empresas (51 e 57 por cento, respetivamente), destacando-se o peso dos empréstimos bancários (32 por cento do passivo do setor). A dívida remunerada sob a forma de juros foi mais relevante para as PME (52 por cento do passivo).

Redução dos juros suportados levou a diminuição da pressão financeira, apesar da diminuição do EBITDA Os juros suportados pelo setor diminuíram 20 por cento em 2016, redução superior à registada nas indústrias transformadoras (18 por cento) e no total das empresas (9 por cento) (Gráfico 10). Este decréscimo foi transversal às várias classes de dimensão, tendo sido mais significativo nas PME (21 por cento).

Apesar da redução do EBITDA, a diminuição dos juros suportados em 2016 determinou uma queda da pressão financeira (1 p.p. relativamente a 2015) (Gráfico 11). Em 2016, por cada 100 euros de EBITDA gerados pelo setor das indústrias alimentares, 9,6 euros eram consumidos pelos juros, parcela superior à registada nas indústrias transformadoras (pressão financeira de 8,4 por cento), mas inferior à observada no total das empresas (17,1 por cento). O decréscimo deste indicador foi mais significativo no conjunto das microempresas (35 p.p.), que ainda assim registavam, em 2016, os níveis mais elevados de pressão financeira (45 por cento). Já as grandes empresas do setor registaram, em igual período, um aumento do nível de pressão financeira de 1 p.p., para 7 por cento.

Empréstimos bancários concedidos ao setor aumentaram em 2017

Segundo a informação da Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal, os empréstimos concedidos às indústrias alimentares pelo setor financeiro residente diminuíram 2,5 por cento entre o final de 2015 e o final de 2016. Em contrapartida, os empréstimos concedidos ao setor aumentaram em 2017, comparativamente com o final de 2016 (0,7 por cento).

O rácio de crédito vencido das indústrias alimentares diminuiu 0,6 p.p. face ao registado no final de 2016, situando-se, no final de 2017, em 6,0 por cento (9,3 por cento nas indústrias transformadoras e 13,5 por cento no total das empresas) (Grá- fico 12). No final de 2017, 25,0 por cento do crédito concedido às microempresas do setor encontravase em incumprimento, parcela que ascendia a 5,2 por cento nas PME e era nula nas grandes empresas.

Rendibilidade

Em 2016, a dívida comercial representava 31 por cento do passivo das indústrias alimentares (27 por cento nas indústrias transformadoras e 16 por cento no total das empresas). Este tipo de financiamento foi mais relevante para as grandes empresas do setor (38 por cento do passivo). No entanto, o diferencial negativo entre o saldo de fornecedores e de clientes (4 por cento do volume de negócios em 2016) indicava que o setor não obtinha financiamento líquido por dívida comercial. Esta situação (semelhante à observada nas indústrias transformadoras e no total das empresas) foi comum às PME e grandes empresas do setor (-6 e -3 por cento, em 2016). As microempresas, pelo contrário, apresentavam um diferencial positivo, equivalente a 3 por cento do seu volume de negócios em 2016.

Gráficos

Últimos comentários

A carregar o próximo artigo...
Divulgação de riscos: A realização de transações com instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve altos riscos, incluindo o risco de perda de uma parte ou da totalidade do valor do investimento, e pode não ser adequada para todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos tais como eventos financeiros, regulamentares ou políticos. A realização de transações com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir realizar transações com instrumentos financeiros ou criptomoedas, deve informar-se sobre os riscos e custos associados à realização de transações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente os seus objetivos de investimento, nível de experiência e nível de risco aceitável, e procurar aconselhamento profissional quando este é necessário.
A Fusion Media gostaria de recordar os seus utilizadores de que os dados contidos neste website não são necessariamente fornecidos em tempo real ou exatos. Os dados e preços apresentados neste website não são necessariamente fornecidos por quaisquer mercados ou bolsas de valores, mas podem ser fornecidos por formadores de mercados. Como tal, os preços podem não ser exatos e podem ser diferentes dos preços efetivos em determinados mercados, o que significa que os preços são indicativos e inapropriados para a realização de transações nos mercados. A Fusion Media e qualquer fornecedor dos dados contidos neste website não aceitam a imputação de responsabilidade por quaisquer perdas ou danos resultantes das transações realizadas pelos seus utilizadores, ou pela confiança que os seus utilizadores depositam nas informações contidas neste website.
É proibido usar, armazenar, reproduzir, mostrar, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos neste website sem a autorização prévia e explicitamente concedida por escrito pela Fusion Media e/ou pelo fornecedor de dados. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados pelos fornecedores e/ou pela bolsa de valores responsável pelo fornecimento dos dados contidos neste website.
A Fusion Media pode ser indemnizada pelos anunciantes publicitários apresentados neste website, com base na interação dos seus utilizadores com os anúncios publicitários ou com os anunciantes publicitários.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que há qualquer discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.