Divulgação
Na sexta-feira, dia 7 de Agosto, às 13h30, será divulgado o relatório de Non-Farm Payrolls (NFP), referente a Julho.
Definição
Este relatório compilado pelo US Bureau of Labor Statistics mede a criação de emprego remunerado no mês anterior, excluindo o sector público, o trabalho doméstico, as organizações não-governamentais e os trabalhadores agrícolas. Este relatório divulga o número total de postos de trabalho criados no mês transacto, os sectores onde foram criados mais empregos, a taxa de desemprego e o número total de pessoas desempregadas.
A população abrangida pelo NFP compreende cerca de 80% dos trabalhadores que contribuem para o PIB dos Estados Unidos.
Expectativas e publicações anteriores
A mediana da sondagem elaborada pela Bloomberg aponta para 225 mil novos postos de trabalho, ligeiramente superior aos 223 mil criados em Julho. Para a taxa de desemprego, espera-se a manutenção nos 5,3%.
Os indicadores sobre o mercado de trabalho, que fornecem informação preliminar sobre a situação laboral, foram mistos em Julho.
Do lado positivo, os pedidos iniciais de subsídio de desemprego saíram abaixo das expectativas desde a semana de 16 de Julho e a componente de emprego do US ISM Manufacturing Index disparou para os 59,6 pontos, o nível mais alto desde Agosto de 2005, período anterior à crise em que atingiu os 60,2 pontos.
Do lado negativo, o US ADP Employment Report desiludiu as expectativas, acrescentando apenas 185 mil postos de trabalho, quando se esperavam 215 mil. Resta saber se o resultado fraco do ADP será confirmado pelo NFP ou se será revisto em alta no próximo mês.
Também do lado negativo, o US Challenger Job Cuts, que mede os despedimentos colectivos, aumentou substancialmente em Julho, para máximos de quase quatro anos, depois de o Exército ter anunciado planos para reduzir o número de militares e de mão-de-obra civil. Embora muitos layoffs não resultem em despedimentos imediatos, os empregadores dispensaram 105.696 trabalhadores em Julho, com a redução mensal a superar os 100 mil, pela primeira vez desde Setembro de 2011.
Conjuntura e importância
Por ser utilizado pela Reserva Federal na definição da sua política monetária e devido à relevância atribuída pelos economistas para prever os níveis futuros de actividade económica, o NFP é considerado o indicador macroeconómico mais importante do mês para os mercados financeiros. Tipicamente, a sua divulgação cria elevada volatilidade em quase todas as classes de activos.
A importância deste relatório tem sido reforçada pelo foco da Reserva Federal no mercado de trabalho. Este é o primeiro dos dois relatórios de criação de emprego privado que serão publicados antes da reunião de Setembro da FOMC. Se tivermos em conta a linguagem da Reserva Federal de que “algum progresso” é exigido no mercado de trabalho, seria necessário haver dados acima do esperado em ambos os meses, para que o aumento das taxas de juro seja finalmente decidido.
Sublinhamos que os dados precisam de ser fortes em ambos os relatórios que precedem a reunião de Setembro, para compensar a inflação persistentemente baixa. Note-se que o Core Personal Consumption Expenditures Index (PCE) mede as despesas de consumo pessoal, excluindo a alimentação e a energia, e subiu apenas 1,3% em termos de variação anual, muito abaixo do objectivo de 2% da Reserva Federal. Menos conhecido do que o Consumer Price Index (CPI) analisado numa Quick Note anterior, o PCE é o indicador preferido da FED para aferir a inflação.
Além do número de postos de trabalho gerados, importa considerar a taxa de desemprego e eventuais revisões dos Non-Farm Payrolls publicados nos meses anteriores. Se os dados forem mistos, a reacção do mercado poderá não ser unidireccional. Ao invés, quando os dados saem todos no mesmo sentido – positivo ou negativo –, ocorrem geralmente as reacções de mercado mais expressivas.
Historicamente, quando a criação de emprego supera as expectativas, as yields das Treasury Notes tendem a subir, sendo acompanhadas pelo USD Index, que no contexto actual retomaria o movimento ascendente, após a queda registada no último mês.
Com um NFP acima das expectativas, o impacto é geralmente negativo para o ouro e para outras matérias-primas denominadas em dólares, enquanto os índices accionistas podem cair em virtude de as taxas de juro de referência ficarem sujeitas a ser aumentadas de forma mais célere. Embora seja esta a reacção tradicional dos índices accionistas, na presente conjuntura, devido às fragilidades que ainda estão visíveis na recuperação da economia norte-americana e à actual política monetária da FED – pouco ortodoxa e de difícil previsão para os investidores – a interpretação dos resultados do NFP poderá ser menos clara e, por conseguinte, o mercado de acções poderá reagir de forma inesperada.
Por outro lado, quando o NFP desilude face às estimativas, como ocorreu por exemplo em Abril, o dólar desvalorizou de forma acentuada e as Treasury Notes reagiram positivamente, com as yields a baixarem.
Histórico
Geralmente, o activo mais afectado pelo NFP é o dólar americano, visível no USD Index, o que, por sua vez, se reflecte nos pares cambiais com o USD, como, por exemplo, o USD/JPY, par cambial considerado como um proxy do USD Index.
Para além do mercado cambial, pode ser encontrada uma substancial volatilidade nas commodities e nos mercados de acções. A título exemplificativo, na passada divulgação do NFP, a 2 de Julho, após o indicador ter desiludido face às expectativas e à leitura anterior, o USD/JPY caiu 70,9 pips em cerca de cinco minutos, o ouro valorizou USD 10,66 por onça em aproximadamente meia hora e o índice accionista Nasdaq 100 cedeu 17,36 pontos em cerca de 1 hora, durante a negociação em pré-mercado.