Depois da euforia matinal em torno deste inesperado anúncio, começam agora a surgir as primeiras dúvidas e interrogações. A maior delas está relacionada com a perda que a economia portuguesa poderá sofrer. É inevitável que essa perda aconteça, de uma fusão surgem sempre sinergias, muitas vezes traduzidas em dispensas. Havendo uma deslocalização expectável do centro de decisão para o Brasil, é normal que Portugal perca destaque na equação.
Valha-nos Zeinal Bava no comando da CorpCo, nova empresa saída da fusão, que sempre olhará para o nosso país com outra atenção enquanto se mantiver como CEO. Apesar de eu admirar imenso o Zeinal Bava e achar que é a pessoa certa no lugar certo, continuo sem compreender algumas das suas incongruências de gestão. E uma delas surge hoje, em conjunto com o anúncio, falando-se de distribuição de dividendos enquanto se fala em aumento de capital. Não é compreensível, especialmente se tivermos em consideração que um dos maiores problemas apontado à CorpCo passa precisamente pela alavancagem resultante do elevado endividamento.
A reter ainda que a nova empresa cotará no NYSE, no Bovespa e em princípio também no nosso PSI-20. Quem é favorecido e prejudicado com esta fusão? Na minha opinião a fusão é boa para os accionistas (o BES é um dos potenciais beneficiados, mesmo que surja a necessidade de ir a AC), é boa para os consumidores (aumento do poder concorrencial, tanto deste lado como por parte da Zon Optimus) mas é má para os trabalhadores (deslocalização do centro de decisão, eventuais dispensas por sinergias e alterações organizacionais) e para o PIB do nosso país (pelos motivos já apontados).
Entrar agora para aproveitar a potencial benesse para os accionistas? Pessoalmente gosto de ver estes filmes por fora, especialmente enquanto só ainda assistimos ao trailer...