LISBOA, 19 Dez (Reuters) - A perda de competitividade das centrais a carvão decorrente do do processo de transição energética em Portugal vai ter um custo extraordinário de 300 milhões de euros (ME) para a EDP (SA:ENBR3) e um impacto negativo de 200 ME no lucro este ano, anunciou a Energias de Portugal (LS:EDP).
O maior grupo industrial português realçou, contudo, que este custo não terá impacto ao nível da política de dividendos, anunciada em Março de 2019, que definiu o montante mínimo de dividendo anual para o período 2019-2022 em 0,19 euros por acção.
Portugal foi o primeiro país a comprometer-se com a neutralidade carbónica até 2050, tendo o Parlamento declarado estado de emergência climática em Julho. Em Outubro último alterou o 'deadline' para o fecho das centrais a carvão de 2030 para 2023.
"A aceleração do processo de transição energética ao longo do ano de 2019 implicou uma deterioração material das perspectivas de rentabilidade das centrais eléctricas a carvão no mercado Ibérico. A competitividade destes activos é penalizada pelo aumento do preço das licenças de emissões de CO2, a redução dos preços do gás, assim como a perspectiva de aceleração do crescimento da capacidade instalada de energias renováveis", salientou a EDP em comunicado.
Adiantou que se prevê a manutenção de uma elevada carga fiscal sobre estes activos, bem como uma vontade política de antecipação dos prazos de encerramento destas centrais.
"A incorporação deste cenário nos testes de imparidade anuais, em cumprimento da norma contabilística IAS 36, irá resultar num custo extraordinário de 0,3 mil ME, a contabilizar no exercício de 2019, e correspondente impacto negativo de 0,2 mil ME ao nível do resultado líquido", frisou.
A energética realçou ainda que mantém a sua posição de liderança na transição energética, com uma estratégia clara de crescimento focado em renováveis. Em 2005, as energias renováveis representavam apenas 20% da produção de electricidade da empresa, tendo aumentado para 66% em 2018.
"Dado o elevado investimento em curso em energia eólica e solar e o contexto acima descrito para as centrais a carvão, é expectável uma convergência mais célere para os nossos objectivos de sustentabilidade para 2030, nomeadamente de 90% de produção com origem renovável e de redução das emissões específicas em 90% face a 2005, reforçando a posição de liderança da EDP em renováveis entre as empresas eléctricas europeias", vincou.
(Por Patrícia Vicente Rua; Editado por Sérgio Gonçalves)