LISBOA, 23 Jul (Reuters) - O Governo de Portugal projecta um aumento de despesa de cerca de 3 pct nos salários do sector público no próximo ano, o que exigirá controles rígidos em outras frentes para não comprometer a disciplina orçamental, disse o Ministro das Finanças.
Mário Centeno disse que os aumentos salariais planeados resultam de compromissos de longo prazo e não foram uma concessão a pressões mais recentes, como de sindicatos de professores, para aumentos adicionais de salários em 2019, um ano eleitoral.
O governo socialista minoritário conta com o apoio de dois partidos de extrema-esquerda que também estão a fazer 'lobby' por aumentos mais ambiciosos nos gastos com saúde e educação.
Mas, numa entrevista publicada esta segunda-feira no jornal Público, Centeno disse que não esperava que o Orçamento de 2019 enfrentasse problemas, já que os principais partidos estão cientes do apoio do eleitorado a finanças públicas estáveis e sólidas.
"Em nome de todos os portugueses, temos que propor um Orçamento que seja sustentável ... Não é possível comprometer a sustentabilidade de algo que afecta a todos por causa de uma questão específica", disse Centeno, referindo-se às exigências dos professores.
As despesas com salários do sector público devem crescer mais de 500 milhões de euros no ano que vem, após o aumento projectado de 70 milhões e de 389 milhões em 2017.
"Estamos a falar de um aumento próximo de 3 pct. São quantias muito significativas. Não podemos, e não vamos, colocar em risco o que foi alcançado", disse Centeno, que também preside ao Eurogrupo dos ministros das Finanças da zona do euro.
A União Europeia e os credores internacionais elogiaram os esforços de Portugal para reduzir o défice orçamental desde a crise da dívida de 2010-13 e o resgate financeiro que implicou severa austeridade.
O governo socialista reverteu muitas das medidas de austeridade da administração anterior, ao mesmo tempo em que manteve disciplina orçamental.
O objectivo é reduzir o défice este ano para apenas 0,7 pct do PIB - um novo mínimo recorde na história democrática do país, após uma diferença de 0,9 pct alcançada em 2017, apoiada no crescimento económico mais forte em 17 anos. Este ano, no entanto, espera-se que o crescimento abrande.
Texto integral em inglês: (Reportagem de Andrei Khalip, Traduzido para português por João Manuel Maurício, Gdynia Newsroom; Editado em português por Sérgio Gonçalves em Lisboa )