(Acrescenta citações do CEO)
Por Sergio Goncalves
LISBOA, 26 Jan (Reuters) - O lucro do BPI BBPI.LS , que é o alvo de um 'takeover' do espanhol Caixabank CABK.MC , disparou 32,5 pct em 2016, suportado no robusto aumento da margem financeira e na descida das imparidades de crédito malparado, anunciou o banco.
A nível consolidado, o lucro situou-se em 313,2 milhões de euros (ME) em 2016. A actividade doméstica teve um contributo de 147 ME para o resultado, mais 58 pct que em 2015; enquanto a área internacional, na qual se destaca o Banco de Fomento Angola (BFA), contribuiu com 166,3 ME, mais 23 ME que em 2015.
"Este é o segundo melhor resultado de sempre da história do BPI, só ultrapassado pelo de 2007, que foi um ano muito favorável", disse o Chief Executive Officer (CEO) do BPI, Fernando Ulrich, em conferência de Imprensa.
"Apesar do banco ter vivido nestes dois últimos anos um período conturbado (devido à OPA), isso não teve impacto na relação com os clientes", disse o CEO, frisando que o BPI teve um bom ano comercial com ganhos de quota de mercado em vários segmentos.
O Return on Equity (ROE) consolidado do segundo maior banco cotado de Portugal fixou-se em 13,4 pct, com a actividade doméstica a ter uma rentabilidade dos capitais próprios de somente 7,7 pct, o BFA uma de 41,4 pct.
Fernando Ulrich afirmou que, "dos bancos ibéricos que divulgaram resultados de 2016 até agora, à excepção do Santander Totta, o BPI é o que tem o ROE mais alto".
"Na actividade doméstica, o BPI está bem e recomenda-se. Vamos ver quantos bancos, por essa Europa fora, têm um ROE da actividade doméstica de 7,7 pct", afirmou.
"Não estou minimamente preocupado com o futuro do BPI, porque vai ficar melhor. Com o Caixabank ainda mais comprometido e envolvido no banco (BPI), porque o Caixabank é um banco muito forte, muito competente (...) o BPI só pode ficar mais forte. Os nossos concorrentes que se cuidem", disse.
A margem financeira consolidada - diferença entre os juros cobrados por empréstimos e pagos por depósitos - cresceu uns sólidos 14,4 pct para 407,4 ME em 2016.
Os recursos totais de clientes na actividade doméstica diminuíram 677 ME em termos homólogos, ou uma queda de 2,4 pct, para à volta de 27.800 ME; enquanto o crédito a clientes em Portugal desceu 0,2 pct para 22.736 ME.
As provisões e imparidades para crédito desceram a pique 68 pct para 33 ME. O rácio de crédito em risco fixou-se em 3,7 pct, de 4,5 pct em 2015. "Um dos mais baixos dos bancos ibéricos", segundo o BPI.
O rácio 'Common Equity Tier 1' (CET1) 'phased in' situou-se em 11,4 pct no final de 2016 e o CET1 'fully implemented' em 11,1 pct, contra 9,8 pct há um ano atrás.
O BPI referiu que para atingir um rácio de capital total de 12 pct - que decorre do mínimo SREP de 11,75 pct acrescido de buffer de 0,25 pct - "é necessária a emissão de dívida subordinada no valor de 206 ME".
"Em termos de rácios de alavancagem, a situação do BPI é também muito confortável, quer em termos consolidados, quer domésticos e, em termos de rácios de liquidez, a situação é também muito boa", disse.
O Rácio de Leverage 'phasing in' situou-se em 7,6 pct em termos consolidados, face a 6,9 pct em 2015, e de 6,1 pct na actividade doméstica.
O rácio equivalente 'Fully implemented' fixou-se em 7,4 pct no consolidado, contra 6,4 pct em 2015, e de 5,8 pct na área doméstica versus o rácio mínimo de 3 pct exigível a partir de 1 Janeiro de 2018.
A oferta pública de aquisição (OPA) do CaixaBank sobre o BPI a 1,134 euros, que decorre até 7 de Fevereiro, deverá ter sucesso, segundo analistas.
O Caixabank já é o maior accionista do BPI com cerca de 45 pct do capital.
Fernando Ulrich realçou que o investimento do BPI no BFA tem sido coroado de êxito e rentável para o banco português.
"O investimento de 3,3 ME no BFA em 1993 gerou, em 23 anos, um retorno em cash de 945 ME, a que acresce a actual participação de 48 pct do BPI no BFA que, valorizada aos capitais próprios, ascende a 449 ME", afirmou Fernando Ulrich.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Daniel Alvarenga)