Por Claudia Violante
SÃO PAULO, 5 Dez (Reuters) - A tentativa de correção do dólar não se sustentou e a moeda passou a operar em alta ante o real nesta quarta-feira, com a cautela com o cenário externo em meio à disputa comercial e a cena local predominando sobre os negócios.
Às 12:14, o dólar BRBY avançava 0,20 por cento, a 3,8670 reais na venda, depois de marcar a mínima de 3,8354 reais. Na máxima, a moeda foi a 3,8703 reais. O dólar futuro DOLc1 tinha alta de cerca de 0,35 por cento.
"Como tinha feito um movimento muito forte no final do dia (terça-feira), o dólar abriu para baixo. Agora, está voltando a ter cautela. Lá fora a questão EUA-China está indefinida. Há ainda receios locais", disse o operador de câmbio da corretora Spinelli José Carlos Amado, citando a reforma da Previdência.
A frágil trégua entre Estados Unidos e China mantinha as preocupações sobre o desaquecimento econômico global, sobretudo depois de o presidente Donald Trump ter deixado claro na véspera que é o "homem das tarifas" e que, se a China não chegar a um acordo durante os 90 dias de trégua, ele não hesitará em elevar os impostos sobre os produtos chineses.
Nesta quarta-feira, no entanto, ele suavizou o discurso ao declarar ter acreditado nas palavras do presidente chinês Xi Jinping durante encontro no final de semana e que o país está trabalhando firme para chegar a um acordo. outra retórica dos EUA acabou trazendo um problema geopolítico que se soma à lista de preocupações dos investidores. Nesta quarta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que seu país terá que responder se os EUA saírem do Tratado de Controle de Forças Nucleares de Alcance Intermediário. lista inclui ainda os temores de recessão, surgidos depois que a curva de juros norte-americana se achatou na véspera e gerou uma onda generalizada de vendas nos mercados, hoje aliviada pelo fechameneto de Wall Street em luto pelo falecimento do ex-presidente George H.W.Bush.
"É um movimento natural de esgotamento do ciclo de aperto monetário, já que a política demora a ser repassada para a economia", avaliou o economista-chefe da gestora Infinity, Jason Vieira.
No mercado internacional, o dólar caía ante a cesta de moedas .DXY e operava misto ante as divisas emergentes, com leve alta ante o peso chileno CLP= e queda ante a lira turca TRY= .
Internamente, os investidores acompanhavam as negociações políticas, um dia depois de novo adiamento da votação do projeto de lei da cessão onerosa.
O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, indicou nesta manhã que a votação só deve ocorrer em 2019, já que é uma discussão "muito difícil de ser feita em 2 ou 3 semanas".
O fatiamento da reforma da Previdência admitido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro também gerava desconfiança dos investidores.
Na véspera, ele disse que pode dividir o envio de uma proposta de reforma ao Congresso Nacional, que inicialmente deve contemplar mudanças nas regras para o setor público e também que preveja a adoção de uma idade mínima para o recebimento de benefícios, com diferentes idades para a aposentadoria de homens e mulheres. que, por ora, está tendo muito ruído. O mercado está sendo precipitado. Na hora que o novo governo se sentar na cadeira, vamos ver o que tem para fazer", concluiu Vieira.
O BC vendeu nesta sessão 13,83 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 2,074 bilhões de dólares do total de 10,373 bilhões de dólares que vence em janeiro. mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral. (Edição de Camila Moreira)