(Texto atualizado com mais informações)
Por José de Castro
SÃO PAULO, 19 Abr (Reuters) - O dólar engatou a quinta queda frente ao real nesta segunda-feira, com investidores colocando nos preços algum alívio sobre os rumos do Orçamento e novo dia de enfraquecimento da moeda norte-americana no mundo.
Ao fechar numa mínima em cerca de um mês, a cotação zerou os ganhos conquistados após a forte reação negativa do mercado à aprovação da peça orçamentária pelo Congresso em 25 de março. dólar à vista BRBY caiu 0,57% nesta segunda, a 5,5538 reais na venda, após variar entre 5,6232 reais (+0,67%) e 5,5278 reais (-1,03%).
Lá fora, o índice do dólar =USD perdia 0,57%, para mínimas em seis semanas. Um índice de moedas emergentes .MIEM00000CUS tocou máxima em um mês. Brasil, a moeda dos EUA teve o quinto pregão seguido de desvalorização, período em que perdeu 3,00%. O dólar não caía por tantos dias consecutivos desde a sequência de seis baixas finda em 27 de maio do ano passado.
A cotação está no menor patamar desde 23 de março de 2021 (5,5168 reais). Em 29 de março, em meio ao mal-estar fiscal, a divisa fechou numa máxima de 5,7681 reais, 3,86% acima do nível desta segunda.
O dólar vinha em alta nesta sessão até por volta de 11h15, quando uma série de ordens de vendas foram acionadas e derrubaram a cotação. No mesmo momento, o índice do dólar frente a uma cesta de divisas no exterior =USD também acelerou a queda.
De forma geral investidores globais seguiram repercutindo a percepção de que o banco central dos Estados Unidos manterá estímulos por tempo indeterminado, enquanto a retomada econômica no mundo amplia a demanda por ativos mais arriscados, caso das moedas emergentes --grupo do qual o real faz parte.
Apesar de toda a volatilidade, a divisa brasileira tem seguido o comportamento de seus pares mais recentemente.
Para Sérgio Goldenstein, consultor independente da Ohmresearch Independent Insights, o real tem respondido à combinação entre cenário externo favorável e redução do risco de cauda doméstico.
"O risco de cauda seria uma decretação de estado de calamidade pública, expansão maior dos gastos fiscais... mas parece que a probabilidade desse risco agora é muito pequena. Com isso, você não tem uma piora muito grave nas contas públicas neste ano", afirmou.
Na semana em que o presidente Jair Bolsonaro tem de decidir o que fará com o polêmico texto do Orçamento 2021 aprovado pelo Congresso, o mercado reagiu a informações de que governo e parlamentares chegaram a um acordo sobre a questão.
O Congresso Nacional vota nesta segunda-feira projeto de lei que, com o aval do governo, flexibiliza regras para despesas com o enfrentamento à pandemia da Covid-19 e permite que o Executivo corte por decreto (e não lei, como é feito normalmente), despesas discricionárias, como aquelas voltadas à manutenção da máquina pública, para garantir o atendimento às despesas obrigatórias. solução que vão dar ao Orçamento não é a ideal, mas todo aquele risco de cauda parece que está ficando para trás", acrescentou Goldenstein.
Analistas de mercado têm repetido que a fraqueza do real decorre sobretudo do elevado risco fiscal no Brasil, com incertezas sobre a sustentabilidade da dívida e seus potenciais impactos sobre tendências de crescimento econômico.
A moeda brasileira cai 6,52% em 2021, em termos nominais, terceiro pior desempenho no ano. Apenas peso argentino ARS= (-10,1%) e lira turca TRY= (-8,2%) caem mais.
Juntando a fraqueza deste ano com o tombo de mais de 20% em 2020, o real é a divisa mais barata do mundo emergente, conforme estudo do Bank of America (NYSE:BAC) baseado em resultados de exercícios com um novo modelo de cálculo de taxa de câmbio justa.
Por essa abordagem, o real está 24% mais barato do que o sugerido pelos fundamentos, maior desvio negativo numa lista de 20 moedas emergentes. O valor justo para a moeda estaria em 4,26 por dólar. dolar/real vs EM FX
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^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^> (Edição de Isabel Versiani)