(Texto atualizado com mais declarações)
SÃO PAULO, 19 Ago (Reuters) - O dólar acelerava a alta frente ao real nesta segunda-feira, superando a marca de 4,07 reais pela primeira vez desde meados de maio, na esteira do fortalecimento da divisa no exterior diante de discussões sobre o espaço para mais cortes de juros nos Estados Unidos.
Os debates sobre estímulos por parte de outras economias, como China e Alemanha, combinados com algumas dúvidas sobre a disposição do Federal Reserve em ser mais agressivo em eventual novo afrouxamento monetário davam fôlego ao dólar, num momento em que dados nos EUA voltaram a destacar a força da economia norte-americana frente ao restante do mundo.
"(Recentes) Dados robustos de consumo e inflação nos EUA enfraqueceram a possibilidade de que o Fed vai cortar os juros preventivamente, mantendo o tema sobre inversão das curvas de juros, saídas de recursos de emergentes e mercados de ações mais fracos", disseram estrategistas do Morgan Stanley (NYSE:MS) em nota a clientes.
O tom de dúvida sobre um Fed mais disposto a cortar os juros era reforçado nesta tarde por comentários do presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, membro votante do Fomc. Segundo Rosengren, não é porque outros países estão afrouxando suas políticas monetárias que os EUA também deveriam fazê-lo. Além disso, para ele, as condições monetárias já estão acomodatícias e a economia está em muito bom estado no momento.
Por volta de 15h30, o dólar à vista BRBY subia 1,51%, a 4,0638 reais na venda. Na máxima, foi a 4,0760 reais, pico intradiário desde 21 de maio.
No exterior, o dólar tinha forte alta contra outras divisas emergentes, como peso mexicano MXN= (+0,98%), rand sul-africano ZAR= (+1,12%) e lira turca TRY= (+1,47%).
Os mercados haviam golpeado o dólar entre meados de maio e de julho, confiantes na expectativa de que o Fed cortaria os juros de forma agressiva. Recentemente, o Fed reduziu a taxa básica, mas emitiu sinal mais "hawkish" que o esperado.
REAL BARATO?
O dólar já sobe mais de 6% ante o real em agosto, o que deixa a moeda brasileira com a terceira posição na lista de perda entre mais de 30 pares do dólar neste mês, a despeito da aprovação da reforma da Previdência pela Câmara dos Deputados.
Para o Morgan Stanley, o real já está entre as moedas mais baratas do universo emergente. Os profissionais destacam ainda que as posições continuam amplamente negativas em relação à moeda doméstica, o que ao mesmo tempo piora a relação risco/retorno de se montar novas posições contrárias ao real.
"Ainda assim, preferimos expressar nossa visão (otimista) para o real ao confrontá-lo com outras divisas emergentes", acrescentaram em nota. (Por José de Castro; Edição de Paula Arend Laier)