Por Jamie McGeever
BRASÍLIA, 13 Abr (Reuters) - Fundos e especuladores nos mercados futuros dos Estados Unidos reduziram suas apostas contra o real na semana passada para mínimas em oito meses, segundo os últimos dados da Commodity Futures Trading Commission (CFTC).
A mudança de posicionamento --uma das maiores a favor da moeda desde que os contratos futuros de real brasileiro foram lançados na CFTC há nove anos-- pode ser interpretada como um sinal positivo ou negativo nas próximas semanas.
Por um lado, um posicionamento mais leve mostra que o profundo pessimismo em relação à moeda e a pressão de venda este ano se reduziram em um grau significativo. A semana passada marcou a quinta consecutiva em que fundos reduziram sua posição vendida na moeda.
Por outro, com posições mais "limpas", os fundos agora podem estar mais dispostos a começar a apostar novamente contra a divisa. De uma perspectiva sombria para a economia até a perspectiva de novos cortes na taxa de juros, ainda há riscos potencialmente fortes contra a moeda.
Os dados da CFTC, divulgados no fim da sexta-feira passada, mostraram que fundos e especuladores nos mercados futuros dos EUA diminuíram sua posição líquida vendida em reais pela quinta semana consecutiva, para 9.328 contratos, de 27.804 na semana anterior.
Ficar vendido em um ativo financeiro é efetivamente apostar que seu preço vai cair. Na contramão, ficar comprado é essencialmente apostar que o ativo aumentará de valor.
O real cai mais de 22% em relação ao dólar este ano, chegando a uma mínima recorde de 5,3261 por dólar no início deste mês. Mas a moeda se estabilizou desde então, chegando perto de 5,0000 reais por dólar no final da semana passada.
Às 13h desta segunda, o real BRBY perdia 1,8%, a 5,1863 por dólar.
O banco central tem atuado, vendendo bilhões de dólares nos mercados spot e de derivativos nas últimas semanas para amenizar a queda e reduzir a volatilidade. O movimento aparentemente ajudou a aliviar a pressão, e fundos retrocederam também.
Analistas do Goldman Sachs (NYSE:GS) disseram que o real está entre as moedas de mercados emergentes, principalmente na América Latina, "severamente subvalorizadas", mas que podem cair ainda mais.
"Esses níveis severos de subvalorização indicam retornos positivos em um horizonte de médio prazo, mas, no curto prazo, todas essas moedas estão expostas a sentimentos de risco e preços de commodities e, assim, permanecerão reféns dos movimentos desses fatores", afirmaram os analistas em uma nota publicada no fim de semana passada.