LISBOA, 26 Out (Reuters) - O lucro líquido consolidado do BPI BBPI.LS , que é o alvo de um 'bid' do espanhol Caixabank CABK.MC , teve uma subida homóloga acima do previsto de 21,2 pct para 182,9 milhões de euros (ME) nos nove meses de 2016, com as imparidades para malparado a descerem e a margem financeira a subir.
Aquele lucro compara com a média de 163 ME estimada por dois analistas. lucro líquido consolidado decorre de um contributo da actividade doméstica de 57,5 ME, contra 18,6 ME há um ano atrás e de um contributo da actividade internacional, na qual se destaca o Banco de Fomento Angola (BFA), de 125,4 ME, versus 13,3 ME.
"Quer a actividade doméstica, quer a internacional melhoraram a sua performance. É pouco provável que o quarto trimestre deste ano seja tão bom como o do ano passado, que teve contributos positivos (que não se deverão repetir)", disse o CEO Fernando Ulrich.
O Return on Equity (ROE) consolidado do segundo maior banco cotado de Portugal fixou em 10,5 pct, com a actividade doméstica a ter uma rentabilidade dos capitais próprios de apenas 4,1 pct, o BFA uma de 42,6 pct e o BCI em Moçambique de 15 pct.
A margem financeira consolidada - diferença entre os juros cobrados por empréstimos e pagos por depósitos - subiu 12,6 pct para 555,6 ME nos nove meses de 2016, versus a média de 546 ME prevista pelos analistas.
Os recursos totais de clientes diminuíram 467 ME em termos homólogos, ou uma queda de 1,3 pct, para à volta de 34,5 mil ME; enquanto o crédito líquido desceu 1,1 pct para 23,9 mil ME, enquanto as provisões e imparidades para crédito desceram a pique 53,3 pct para 53 ME.
Entre Janeiro e Setembro, os ganhos em operações financeiras caíram 10 pct para 138,4 ME e as comissões deslizaram 0,9 pct para 234,9 ME, tendo os custos de estrutura, excluindo custos com reformas antecipadas, subido uns ténues 0,1 pct para 498,4 ME.
O rácio 'Common Equity Tier 1' (CET1) 'phased in' situou-se em 11,4 pct no final de Setembro de 2016 e o CET1 'fully implemented' se fixou em 11 pct.
O 'board' do BPI considerou a Oferta Pública de Aquisição (OPA) do Caixabank oportuna e amigável, mas avalia o banco português em 1,38 euros por acção, ou seja 22 pct acima dos 1,134 euros que oferece o banco espanhol. 21 de Setembro, a Assembleia Geral do BPI aprovou o fim do limite de 20 pct aos direitos de voto, abrindo a porta ao sucesso do 'bid' do Caixabank, com a empresária angolana Isabel dos Santos a enterrar o 'machado de guerra' e a abster-se.
Esta votação foi ao encontro da proposta do 'board' que o BPI vendesse 2 pct do BFA à maior telecom angolana Unitel, que passaria a controlar o BFA, mas em troca Isabel dos Santos tinha de viabilizar o fim daquele limite de votos.
A 10 de Outubro, a Unitel acordou comprar aqueles 2 pct do BFA e assumir o controlo de 51,9 pct do banco angolano, permitindo ao BPI cumprir a exigência do Banco Central Europeu (BCE) que reduza a exposição excessiva a Angola.
Isabel dos Santos, que tem 18,6 pct do BPI, mantinha desde há muito tempo um 'braço de ferro' com o Caixabank - maior accionista com cerca de 45 pct - e travou sempre as investidas passadas do banco espanhol para controlar o banco português.
O 'board' do BPI prevê que o Caixabank corte 1.000 colaboradores ou 17 pct da força laboral do banco português em Setembro de 2016. (Por Sérgio Gonçalves; Editado por Shrikesh Laxmidas)