Por Daniel Alvarenga
LISBOA, 1 Fev (Reuters) - O CEO do Santander Totta está confiante quanto às perspectivas do sector financeiro português em 2018 e ao sucesso do esforço de redução de crédito malparado, que será ajudado pelo ciclo económico positivo do país.
"O que temos vindo a assistir e assistimos em 2017 é uma melhoria. Estão cada vez melhores, são cada vez melhores no sentido da diminuição do que são os 'non performing loans'", disse António Vieira Monteiro, Chief Executive Officer (CEO) do Santander Totta, em conferência de imprensa.
"(Os bancos) têm vindo a melhorar a rentabilidade e são cada vez mais rigorosos na área dos custos. Vai produzir resultados, já produziu. Em 2018, acho que os outros bancos vão melhorar situação. O crescimento da economia também vai ajudar. É mais fácil resolver assuntos e consolidar actividade em época de crescimento do que em época de crise".
A banca reduziu o 'stock' de exposições 'não performantes' para 42.000 milhões de euros (ME) em meados de 2017, contra 50.000 ME em 2016, estimando-se que os 'non performing loans' se situem entre os 25.000 e os 30.000 ME ou até 15 pct do crédito total.
O lucro líquido da unidade portuguesa do gigante espanhol Santander SAN.MC cresceu 10,3 pct para 436,3 milhões de euros (ME) em 2017. O banco beneficiou da descida das imparidades e provisões líquidas, que caíram 63 pct para 29 ME.
O Chief Financial Officer (CFO), Manuel Preto, explicou a variação "com a estabilidade do resultados antes de provisões e a queda de 63 pct das necessidades de provisões, com a melhoria da qualidade creditícia e muito menor entrada de crédito em incumprimento".
Assim, o lucro expandiu apesar da margem financeira - diferença entre os juros cobrados nos créditos e pagos nos depósitos - ter descido 4,8 pct para 696,9 ME, devido a "reajustamentos na carteira de dívida pública".
"Não estou preocupado com margem financeira. Está a aumentar na actividade corrente do banco. Os primeiros números que temos de Janeiro já são relativamente positivos", disse o CEO.
O 'return on equity' do banco ascendeu a 11,8 pct.
As comissões aumentaram 8,3 pct para 331,1 ME e o produto bancário desceu 4,1 pct para 1.148 ME.
"Após a aquisição do Banco Popular Portugal tornou-se o maior banco privado em crédito na actividade doméstica e o segundo maior em depósitos", indicou António Vieira Monteiro.
Os custos operacionais tombaram 7,6 pct para 527,9 ME, enquanto o rácio 'common equity Tier 1' (CET1) 'fully implemented' desceu 1,4 pontos percentuais para 13,67 pct.
"A compra do Banco Popular (Portugal) tem efeito reconhecido nos rácios do banco. O banco tem os melhores ratings do sistema bancário portugues", sublinhou o CEO do Santander Totta.
O rácio de 'non performing exposure' aumentou 0,6 pontos percentuais para 5,7 pct.
"Deve-se fundamentalmente à entrada da carteira do Banco Popular, se não fosse essa carteira, teríamos uma redução de 80 pontos base", indicou António Vieira Monteiro.
O rácio de crédito em risco desceu para 5,1 pct, de 5,6 pct há um ano.
O Governo estima um crescimento de 2,2 pct em 2018 para Portugal, face a 2,6 pct em 2017, que foi a melhor performance numa década.
O crédito bruto em balanço do banco aumentou 25 pct para 41.387 ME, dos quais 19,2 ME a empresas. Os depósitos subiram 13,7 pct para 31.458 ME. (Editado por Sérgio Gonçalves)