Por Sergio Goncalves
LISBOA, 4 Jun (Reuters) - Portugal quer criar um 'hub' europeu de Gás Natural Liquefeito (LNG) no porto de águas profundas de Sines com LNG importado dos EUA, uma nova porta de entrada deste gás na União Europeia (UE), que é altamente dependente da Argélia e Rússia, disse o primeiro-ministro, António Costa.
Adiantou que "o reforço da autonomia e da segurança energética da Europa é uma área absolutamente estratégica não só para Portugal, como para o conjunto da União Europeia e a articulação com os EUA é fundamental, podendo Portugal desempenhar um papel central".
"Porventura, ninguém melhor do que Portugal e os EUA estão em melhor condições de o fazer (hub) no futuro visto que somos os países geograficamente mais próximos, com a saída do Reino Unido e temos todas as condições para desempenhar esse papel", disse numa conferência, organizada pela Embaixada dos EUA e a Fundação Luso-Americana.
Lembrou que actualmente a Europa "é altamente dependente de energia e tem neste momento o seu fornecimento assegurado, seja por via da Argélia, seja por via da Rússia".
"A Europa (...) necessita seguramente de ter uma terceira porta de entrada segura como aquela que os EUA e Portugal podem assegurar e que é do interesse estratégico de ambos os países, mas também do conjunto da UE", destacou António Costa.
MAIS PRÓXIMO
O primeiro-ministro lembrou que o porto de águas profundas de "Sines é o que está mais próximo das três mais importantes rotas marítimas do mundo: a rota do Cabo, a rota do Mediterrâneo e as rotas trans-atlânticas, particularmente reforçando-as com a duplicação do canal do Panamá".
Afirmou que é também "um porto que tem condições excepcionais de receber, seja para trans-shipping, seja para outras formas de distribuição de NLG", recordando que, em 2016, recebeu o primeiro barco proveniente dos EUA com NLG.
Explicou que, "para além do porto, toda a região de Sines tem condições geológicas excepcionais para armazenar uma grande capacidade de NLG para a sua posterior distribuição para o conjunto da UE".
"E, neste momento, como nem tudo corre da melhor forma, entre uns e outros, é também importante que a nossa longa amizade seja animada por boas notícias de cooperação, no estreitamento de relações e esta seguramnete é uma grande oportunidade para o podermos fazer", disse António Costa.
O primeiro ministro sublinhou que "essa cooperação vai seguramente reforçar-se com o Brexit".
Afirmou que "obviamente, muitas empresas americanas, a exemplo de outras empresas exteriores à UE, desejam continuar no Reino Unido, que é em si próprio um mercado fundamental".
"Mas, não desejando sair da UE, necessitam de encontrar uma 'segunda casa' que lhespermita manter a sua presença na UE", disse.
"Para todos esses, quero dizer que Portugal oferece o 'dois-em-um': possibilidade de continuarem no Reino Unido, mas não saírem da UE. Esta é a mensagem que deixo aos nossos amigos americanos", concluiu.
(Por Sérgio Gonçalves; Editado por Patrícia Vicente Rua)