Nos últimos doze meses, o mercado accionista europeu, medido pelo índice Stoxx Europe-600, valorizou 10,0% (excluindo dividendos). No mesmo período, o congénere americano, medido pelo índice S&P-500, subiu 11,1% (7,0% em Euros). Nos últimos três anos, a underperformance do mercado europeu é mais expressiva: 11% em moeda local, e 27% em Euros. Para este pior desempenho relativo certamente contribuíram o maior risco político na Europa, incluindo o Brexit, e a diferença de ritmos de crescimento económico.
Porém, face à expressiva referida underperformance e aos sucessivos máximos históricos do mercado americano (S&P-500), impõe-se uma actualização da avaliação relativa entre estes dois mercados. A simples comparação entre os respectivos rácios Price-to-Earnings não resulta suficiente, considerando os diferenciais de taxas de juro, pelo que utilizamos alternativamente o Equity Risk Premium (ERP), calculado como a diferença entre a Equity Yield e a Yield a 10 anos. Neste caso, quanto mais elevados os ERP, mais atractivos estão os respectivos mercados accionistas relativamente às obrigações “sem risco”. O gráfico seguinte ilustra a diferença entre os ERP na Europa e nos Estados-Unidos.
Nos últimos 11 anos, o ERP médio situa-se nos 6,0% e 4,1% na Europa e Estados-Unidos, respectivamente. Por sua vez, o spread médio ronda os 1,8%, o que compara com os actuais 2,8%, cerca de 2 desvio-padrão acima da média. A última vez que este diferencial atingiu estes valores foi em Outubro de 2008 (pós-falência do banco Lehman Brothers) e, mais importante, nos doze meses seguintes, o mercado europeu registou uma outperformance de 14% face ao americano, em Euros. Irá a história repetir-se?