EURUSD: Turquia activa perfil de refúgio do dólar norte-americano e provoca quebra de suporte-chave
A passada semana ficou marcada por diversos desenvolvimentos na esfera geopolítica internacional: re-imposição de sanções ao Irão por parte dos EUA; decretação de novas sanções norte-americanas à Rússia; escalada nas tensões comerciais entre EUA-China; sinais de quebra de coesão dentro da OPEP; e, sobretudo, um elevado tumulto nos mercados financeiros, cristalizado por uma extraordinária queda da lira turca (vs. USD), em virtude da crise político-económica na Turquia. Sumariamente, a Turquia – com um défice comercial de 5,5% do PIB, uma taxa de inflação superior a 15% e uma taxa de juro de quase 18% – reviu em baixa as perspectivas de crescimento em 2018, de 5,5% para 4% não conseguiu, findas as negociações com os EUA, levantar as sanções impostas por este país e falhou a apresentação de medidas concretas no âmbito do “novo modelo económico”.
O sentimento negativo proveniente da Turquia estendeu-se aos mercados financeiros a nível mundial, provocando um pesado sell-off nos activos de risco, principalmente as acções de instituições financeiras com significativa exposição à região turca. A par do JPY, obrigações soberanas norte-americanas e alemãs e do CHF, o USD exibiu também um autêntico perfil de refúgio, valorizando expressivamente face às demais divisas.
Referência técnica: A subida do US Dollar Index para valores superiores a 96 repercutiu-se na perda de um nível de suporte fulcral para par EURUSD, em torno dos 1,1440. Ainda que seja expectável um pequeno período de consolidação pelos níveis actuais, a um prazo de semanas, vemos caminho aberto para a próxima forte zona de suporte nos EUR 1,1300 –1,1290.
SMI: Tensões na China e Turquia beneficiam franco suíço e bolsa accionista da suíça
O mercado accionista turco, bem como a lira turca foram bastante pressionados pelas tensões entre Ancara e Washington, levando a um aumento das preocupações com a inflação do país e com o seu défice. Apesar dos esforços do banco central para reforçar o sistema financeiro, na sequência de declarações do presidente Erdogan acusando os EUA de trair economicamente o seu país, os investidores agiram com nervosismo.
Com estas tensões políticas e económicas a juntarem-se às tensões que já existiam entre EUA e China, e que também se adensaram na passada semana, o franco suíço viu uma valorização face ao euro activando o seu perfil de activo de refúgio. Este influxo de capitais fluiu invariavelmente para a bolsa da suíça, fazendo com que valorizasse nas últimas semanas bem mais que as suas congéneres europeias, comportamento que terá espaço para continuar após a correcção actual.
Referência técnica: O índice suíço mantém-se numa tendência ascendente que mostra bastante força, encontrando-se confortavelmente acima da média móvel simples de100 dias. O mercado poderá corrigir até por volta dos 38,2% de Fibonacci (8.890 pontos) antes de retomar a tendência de alta.
Algodão: Perspectiva de maior colheita e debilidade económica da Turquia podem pressionar a matéria-prima
Conforme alertámos no webinar Commodities Weekly desta semana, hoje, terça-feira, o US Department of Agriculture (USDA) divulgou a componente do outlook mensal WASDE de Agosto, referente a algodão. Embora seja esperado um aumento de consumo, evidenciando uma continuidade da crescente procura por esta matéria-prima, a revisão em alta da estimativa para a produção das colheitas de 2018 (+4%) excedeu as expectativas.
O algodão é uma das poucas commodities agrícolas que tem apreciado desde o início do ano (aproximadamente +7%) e o posicionamento especulativo de investidores institucionais, segundo os valores publicados no âmbito do Commitment of Traders (COT) da CFTC na passada sexta-feira, reflecte níveis verdadeiramente elevados de optimismo, materializando-se num rácio de posições longas face a posições curtas de 10,6. Perante posicionamentos extremos em determinada direcção, pequenas divulgações desfavoráveis podem originar violentas reacções na direcção oposta.
Referência técnica: A Turquia foi, em 2017, o quarto maior consumidor de algodão importado do mundo, com uma quota mundial a rondar os 6%. A impressionante desvalorização da lira turca deverá contribuir para uma inibição da procura turca. A meio de um canal descendente, o algodão aproxima-se de níveis relevantes de suporte horizontal. Acreditamos que a quebra dos mesmos poderá conduzir o algodão ao limiar inferior do canal.
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