O mês de Fevereiro trouxe consigo o regresso da volatilidade aos mercados accionistas. Nos primeiros dias do mês, o índice S&P-500 perdeu mais de 11% face ao máximo de Janeiro, para depois subir cerca de 10%, encerrando o mês com uma perda de 3,9%. Esta foi a maior queda mensal desde Janeiro de 2016, e veio interromper a série de dez meses consecutivos de ganhos (ou quinze, se ignorarmos a perda de 0,04% em Março de 2017).
Na origem desta turbulência estiveram os crescentes receios quanto à subida da taxa de inflação e consequentemente sobre a possibilidade da Reserva Federal (FED) subir as taxas de juro mais depressa do que o actualmente descontado pelo mercado. Igualmente preocupantes foram as notícias quanto ao aumento das tarifas sobre as importações norte-americanas de ferro e alumínio, e o risco de uma escala protecionista, que em nada beneficia o crescimento económico global.
Neste contexto, a volatilidade tem vindo a aumentar (desde o início do ano, o índice VIX já subiu 45%), falando-se de uma mudança de regime.
Quais as consequências de tal mudança? Em primeiro lugar, historicamente uma subida da volatilidade do mercado (VIX) costuma implicar uma diminuição das avaliações do mercado, nomeadamente, do rácio Price-to-Earnings (PE). Considerando a relação entre estes dois factores, se o VIX subir, de forma, sustentada, para o seu valor médio histórico (na ordem dos 20 pontos), tal poderá significar uma diminuição do PE, dos actuais 22,5x, para os 16,2x, uma queda de 28%... A boa notícia é que os resultados (earnings per share) são esperados subir este ano por igual valor, anulando o potencial de queda. Mas, o resto do ano poderá trazer apenas risco e pouco retorno.
Em segundo lugar, a protecção fica mais cara. De facto, “comprar” volatilidade é caro, podendo ser visto como contratar um seguro, pagando-se um prémio pela possibilidade de ser ressarcido em caso de ocorrência de algum acidente. Mas, quanto maior a probabilidade de ocorrência do acidente, maior o prémio pago…
Desde modo, num regime de maior volatilidade, a estratégia de protecção mais eficiente é a Diversificação. Construir carteiras diversificada por região geográfica e sectores de actividade, incluindo várias classes de activos, continua a ser a forma mais eficiente (e barata) de acomodar os períodos de maior turbulência nos mercados.
Gestão de Activos, Banco Invest.