A pandemia global, que afectou todo o Mundo, mostrou a importância do sector da saúde no nosso quotidiano. É certo que, um sector vital como este está, também, sujeito a oscilações. Porém, os dados estatísticos mostram a sua relevância, a sua capacidade e, concomitantemente, o seu posicionamento no mercado financeiro.
O CAGR (compound anual growth rate) cujo valor é de 7,3% desde 2014 e estima-se atingir o 8,9% nos próximos anos, provando, assim, a solidez e estabilidade deste sector. Por outro lado, estima-se uma média de $1.100 USD com gasto de saúde por pessoa em todo o Mundo, valor este que poderá atingir os $1.800USD em 2050.
Como foi referido, anteriormente, o aparecimento da pandemia Covid-19 mostrou e salientou a importância deste sector, como actividade fundamental para o bem-estar, segurança e confiança dos cidadão e, ao mesmo tempo, consolidou-o como um nicho de mercado de investimento apetecível e com perspetivas de grande valorização.
Nesta perspetiva, a introdução e aplicação das noções e componentes da Internet das Coisas ao sector saúde permitirá a redução substancial dos custos de ineficiências clínicas e operacionalização e, simultaneamente, diminuir a pressão e carga exercidas sobre os profissionais de saúde, nomeadamente: médicos, enfermeiros e técnicos, valorizando muito mais os resultados das inúmeras empresas ligadas à prestação de cuidados de saúde.
As acções deste sector representam, ainda, mais de 10% do NASDAQ Composite e, também, este é, simultaneamente, o maior sector do S&P 500. De salientar, igualmente, que um sexto das empresas do Dow Jones Industrial Average fazem parte do sector da saúde.
Então, dadas as características desta secção do mercado financeiro deverá ser tida em consideração como potencial alvo de investimento.
Subsectores do sector da saúde
Pela sua dimensão e abrangência é fácil de identificar vários subsectores, designadamente, biotecnologia, farmacêutica, assistência médica, equipamento médico, instalações saúde e vendas/distribuição.
Biotecnologia
Este subsector caracteriza-se pelo grupo de empresas vocacionadas para a pesquisa, desenvolvimento e criação de fármacos inovadores e com grande potencial futuro. Esta característica particular confere-lhes um comportamento no mercado de acções muito próprio, já que, por vezes, as aprovações, por parte das entidades certificadores e reguladoras, dos novos compostos criados podem ter um intervalo de tempo muito longo e, como tal, um investimento neste tipo de activos pode demorar vários anos até ser recompensado, para além do facto deste tipo de empresas apresentar um comportamento semelhante ao das acções de crescimento volátil. São exemplos a Amgen Inc (NASDAQ:AMGN), Biogen Inc (NASDAQ:BIIB) ou a BioNTech SE (NASDAQ:BNTX).
Farmacêutica
A denominada Big Pharma do sector da saúde é o grupo composto por um conjunto de empresas, que fabricam e comercializam fármacos, resultando o seu fluxo de receita das vendas desses medicamentos. Além disso, estas empresas levam, igualmente, a efeito pesquisas e investigações com o objectivo de desenvolver novos compostos e de obter novas patentes, que garantam uma exclusividade na produção, distribuição e venda do produto.
Contudo, o tempo de vida das patentes é limitado e, quando elas expiram a riqueza destas empresas diminui, porque as produtoras de fármacos genéricos ficam, assim, autorizadas a produzir e a comercializar o mesmo medicamento, mas com um preço de venda menor, tornando-se, por isso, concorrentes directas da empresa que, inicialmente, desenvolveu a substância. São exemplos a GlaxoSmithKline PLC ADR (NYSE:GSK), Novartis AG (SIX:NOVN) ou a Pfizer Inc (NYSE:PFE).
Assistência médica
Outro subsector é o da assistência médica através de seguradoras.
Neste caso particular, o mercado americano é o grande nicho. Actualmente dominado por grandes empresas, nomeadamente a Anthem Inc (NYSE:ANTM), a UnitedHealth Group Incorporated (NYSE:UNH), Humana Inc (NYSE:HUM) e Cigna Corp (NYSE:CI).
Neste subsector, os retornos das empresas são, à partida, constantes, tendo em consideração que a assistência médica é um elemento essencial ao quotidiano de cada ser humano. Porém, alterações de legislação nos países e o aumento e/ou a diminuição da procura da assistência segurada são factores, que criam, sempre, algum impacte no desempenho dos grupos económicos.
Equipamento médico
No que concerne ao equipamento médico, este apresenta-se como um subsector, que gera receitas provenientes da produção e vendas de equipamentos de protecção individual, bem como todo o conjunto de empresas ligadas ao desenvolvimento de tecnologia, aparelhos e dispositivos necessários aos exames de diagnóstico, tratamentos, entre outros. São exemplos Johnson & Johnson (NYSE:JNJ) ou Medtronic PLC (NYSE:MDT).
Venda e distribuição
O sector da saúde inclui o subsector das vendas e distribuição de fármacos, produtos médicos, tecnologia e software. Salienta-se mais a área da distribuição, dado que o aumento da procura de produtos da área da saúde, aliado a um aumento das redes de pontos de venda, catapultou as empresas de distribuição deste mercado para níveis de crescimento consideráveis. Algumas delas quase exclusivas deste subsector, como McKesson Corporation (NYSE:MCK) (crescimento acima de 10% em 2020) ou AmerisourceBergen (NYSE:ABC).
Por fim temos o subsector das instalações propriamente ditas, tais como hospitais, laboratórios, clínicas/consultórios médicos e residências seniores/lares de idosos. Salientam-se HCA Healthcare Inc. (NYSE:HCA) e a Laboratory Corporation of America Holdings (NYSE:LH).
Vantagens e Desvantagens
Sabe-se que a principal vantagem no investimento em acções do sector da saúde é, indubitavelmente, o facto deste estar a crescer e a expandir-se de uma forma muito mais rápida do que todos os outros sectores da economia. O facto dos Estados Unidos da América gastarem mais do que qualquer outro país do Mundo, torna o investimento, nesta área, algo promissor.
Noutra vertente, a saúde, como área do mercado financeiro, catracteriza-se por ser um investimento defensivo, dado que o comportamento das empresas que a compõe é, à partida, independente do mercado e da economia global; existe, assim, um fluxo de retornos, relativamente, constante. No entanto ocorrem, como é natural, oscilações em determinadas empresas, existindo, portanto, uma variação do desempenho.
Porém, este sector está sujeito a algumas questões que podem tornar o investimento num “presente indesejado”. Salientam-se como factores de interferência assuntos relacionados com regulamentação, discussões políticas, questões económicas e, situações excepcionais e limite como, por exemplo, o caso da circunstância pandémica vivenciada nos últimos tempos.
Do ponto de vista da regulamentação, a necessidade de manter os critérios das entidades reguladoras como a FDA ou a Agência Europeia do Medicamento podem, por vezes, criar impacte no exercício financeiro das empresas. Perda de patentes e/ou até mesmo proibição da comercialização de determinados produtos são, desde logo, os maiores constarngimentos a um bom desempenho.
Questões relacionadas com as decisões governamentais têm influência no comportamento das empresas deste sector; a concorrência e o surgimento de novos serviços e/ou produtos e o aumento ou diminuição da procura implicam, igualmente, uma oscilação nos resultados anuais.
Situações limite, como por exemplo, a pandemia Covid-19 levou a que um grande número de tratamentos, consultas, actos clínicos fossem cancelados levando a uma diminuição da rentabilidade e facturação.
Veículos de investimento
Investir neste sector é, relativamente, fácil e acessível, existindo diferentes opções e/ou estratégias, designadamente as acções individuais propriamente ditas, Fundos, ETFs e/ou REITs.
Acções Inidviduais
A escolha de empresas ligadas ao sector da saúde (produção/comercialização/investigação), que melhor se adequar ao perfil do investidor e ao seu portefólio, é uma das primeiras opções.
Os Fundos Mutuos e os ETFs são, também, uma escolha válida. Caracterizando-se como um investimento mais acessível, do ponto de vista da diversificação, a oferta deste tipo de opções de investimentos é vasta, permitindo, assim, ao investidor seleccionar o veículo de investimento mais adequado à sua estratégia, portefólio, perfil de investidor e aos seus objectivos.
Por último existe a opção dos REITs, vocacionados para a saúde. Estes ao deterem nos seus portefólios estruturas e equipamentos, como hospitais, clínicas, residências/lares de idosos ou estruturas edificadas onde estes serviços funcionam, permitem a aplicação de fundos, num sector que, como visto anteriormente, se apresenta com um comportamento estável e com possibilidade de crescimento futuro.
Notas finais
Conclui-se, deste modo, que o sector da saúde poderá ser uma opção de investimento válida para qualquer investidor, seja este mais agressivo ou mais conservador.
O abrangente leque de opções de investimento, nos seus vários subsectores, permite uma diversificação alargada. Um espectro que vai desde as opções imobiliárias, às acções de grande volatilidade, passando pelas opções, que implicam uma menor frequente atenção do investidor.
O sector da saúde tem evoluído e crescido e esta tendência prevê-se que se mantenha no futuro. Sendo um sector que, apesar de tudo, se tem demarcado das oscilações do mercado e da economia global, dada a sua característica - ser essencial à qualidade de vida, poderá considerar-se uma opção de investimento a ter em avaliação.
As ideias e as opiniões, acima descritas, reflectem a minha linha de pensamento sobre estes veículos de investimentos. Assim, não devem as mesmas ser consideradas ou tidas como forma de aconselhamento financeiro.